BLOG MISTURE TUDO - Quando fiz sessenta anos senti um impacto !
Sou
Esmeralda, tenho sessenta anos e meio agora, e todas as impressões que eu tinha
de envelhecer não se encaixam na percepção que tenho de minha pessoa. Já tenho
quatro netos, dois morando em cidade próxima e dois aqui mesmo, e é deliciosa a
tarefa de contrabalançar as exigências de espaço e demonstrações de afeto de
cada um deles. É desafio acompanhar cada idade, revivendo um pouco da minha
infância, com seus medos, ansiedades e alegrias, Gosto muito de ser a avó-colo,
mas não fujo também de ser a avó-presta-atenção! Faço tudo isto com uma
disposição que eu não via nos idosos quando era criança – caminho pelo menos
seis quilômetros, três vezes por semana, já freqüentei aulas de kung fu, yoga,
tai-chi. Sempre trabalhei como costureira teria feito o curós de Engenharia se
fosse possível, mas a querida matemática também estava nas réguas e moldes, é
uma boa profissão até hoje. Já fiz há pouco tempo curso de computação, de
auxiliar de escritório e de empreendedorismo no SEBRAE. Não tenho paciência
para ver noticiário da televisão (só noticias ruins) e novelas (só exemplos
ruins, pouca coisa boa para aprender). Participo há vinte e três anos de grupo
de estudos filosóficos, que me rejuvenesce o espírito, me faz revisar valores,
mostra como melhorar o convívio com meus semelhantes, me faz entender um pouco
mais o Homem no Universo. Penso que isto me preparou especialmente para ser a
avó necessária para uma criança que nasceu com amiotrofia espinhal, e precisa
viver em um UTI
doméstica, inteligente, conseguindo se comunicar piscando o olhinho. A
traqueotomia impede sua fala.Mas ele adora passear. A alegria de toda a família
é que ele já superou todas as expectativas médicas de sobrevivência.Já
tentamos até células-tronco,continuamos lutando. Sabemos que é uma deficiência
que não tem tratamento possível, no momento. É esperado que sua irmã sinta um
certo ciúme do tempo e dedicação que seu irmãozinho exige, mas estamos atentos,
procurando todo equilíbrio possível nesta realidade. Acho que é por isto tudo
que não uso fila de idoso, vaga de idoso, cartão de estacionamento especial.
Não seria justo, ainda é cedo. Ainda é meu tempo de ajudar, e gosto muito de
fazer isto!
“Há uma primavera em
cada vida é preciso cantá-la assim florida” – Florbela Espanca.
Caso real, Elizabeth
Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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