Quem tem necessidades especiais em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, enfrenta um desafio diário: exercer seu direito de ir e vir. Calçadas desniveladas, semáforos sem avisos sonoros para deficientes visuais e espaços públicos sem acessibilidade são alguns dos maiores problemas. Para tentar aliviar um pouco a rotina difícil, uma empresa de ônibus da região lançou neste mês um aplicativo que facilita o embarque de cadeirantes nos coletivos. Os usuários aprovaram a iniciativa, enquanto seguem na esperança de que surjam outras como esta por parte das autoridades.
É o caso de Teodora Lúcia da Silva, de 53 anos, que mora no Jardim Bom Retiro, em São Gonçalo. Cadeirante há 30 anos, ela sempre reclamou dos serviços da Viação Rio Ita, que, segundo ela, enviava poucos ônibus com acessibilidade para o bairro:
— Como tinha que acordar muito cedo, sempre ligava para a empresa perguntando o horário que eles mandariam um ônibus com o elevador para cadeirantes. Um dia, o gerente da empresa me ligou e começamos a pensar numa forma de facilitar a vida de pessoas com o mesmo problema que o meu.
O idealizador do aplicativo, o gerente da empresa Evandro Dotto Nunes, conta que o Pontos e Partidas ajuda para que o usuário monitore onde está o coletivo com elevador para cadeirantes mais perto:
— O usuário precisa baixar o aplicativo através do link: app.vc/rioita. Com o app, ele pode avisar ao motorista que estará em determinado ponto em certo horário. Isso facilita a vida dessas pessoas, que às vezes demoram a chegar na parada ou precisam esperar em outros locais, porque o ponto não tem abrigo — explica Evandro.
Apesar desta melhoria, o município ainda está muito longe de oferecer boas condições para os deficientes. Quem comprova isso são os amigos e deficientes visuais Fábio Costa Figueiredo, de 45 anos, e Severino Vicente da Silva, de 67. Segunde eles, andar pela cidade sozinho é uma verdadeira prova de “desvio de obstáculos”.
— Já me machuquei muito andando nas ruas de São Gonçalo. As calçadas são completamente irregulares e, muitas vezes, precisamos nos arriscar andando pelo meio rua, porque o risco de tropeçar em um bloco de concreto ou numa sacola de lixo é grande — comenta Severino: — Parece que as autoridades da cidade também não têm o menor respeito pelos deficientes.
'Falta um plano de acessibilidade’
A falta de padronização das calçadas da cidade é uma das grandes reclamações da cadeirante Priscila da Conceição, de 33 anos. Ela tem muito medo de andar sozinha, porque o risco de queda é grande:
— Eles (prefeitura) cria rampas nas calçadas, para o acesso de cadeirantes, que são altíssimas. Fica complicado de andar. Em alguns lugares, o poste fica quase em frente à rampa. Esse problema é muito frequente até no Centro da cidade.
Para a fundadora e diretora do Centro de Apoio ao Deficiente Visual de São Gonçalo (Cadevisg), Mary Jane Andrade, falta um plano de acessibilidade forte para atender a população deficiente.
— É preciso criar um programa sério para que essas pessoas consigam viver melhor e com mais segurança — alerta Mary Jane.
A Prefeitura de São Gonçalo informa que a Secretaria municipal de Políticas Públicas para Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência tem discutido a implementação de um plano de acessibilidade para a cidade. Segundo o órgão, a expectativa é de que a medida entre em vigor antes do fim do ano.
Fonte: Extra
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terça-feira, 17 de maio de 2016
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