domingo, 26 de abril de 2015

Negar o avanço da finitude pode ocasionar o surgimento de deficiências até então inexistentes ou mesmo de antecipar a morte

VIVER MAIS, ACEITAR LIMITES, VIVER MELHOR

   Sou Michele, fisioterapeuta. Dou aulas de massoterapia, aulas de Pilates e faço procedimentos fisioterapêuticos em clínica da cidade.
   Atendo bastante pessoas idosas, percebo que vivem mais, mas nem elas e nem seus familiares se dão conta de que para ter qualidade de vida em idades cada vez mais avançadas se faz necessário um olhar mais atento destes familiares e até deste idoso para o momento que está sendo vivido.
   Tenho paciente idoso, que subiu em um banquinho para trocar uma lâmpada. Estava em sua chácara. É risco, não há apoio. Levou sério tombo, e depois da necessária tomografia foi detectado o seu quarto acidente vascular cerebral – AVC. Ele desconhecia os três anteriores, registrados em seu cérebro como cicatrizes. Perdeu os movimentos de um dos lados do corpo, o equilíbrio e parte de sua visão lateral. Fica muito incomodado pelo fato de precisar que o filho assuma seu transporte para a fisioterapia. Em depressão fala de vender sua chácara – como desfrutar da mesma nesta condição? Conta quantas sessões de seu tratamento faltam para chegar ao “fim”, como se nessa data acabassem também seus incômodos de saúde.
   Percebo negação da realidade de existir menos agilidade, menor força muscular em braços e pernas, menos percepção de obstáculos como tapetes, ossos mais frágeis, com frequência tanto da parte dos próprios idosos como da família. Parece até que se não perceberem tudo isto, estas dificuldades não existirão!
   É reconhecendo nossos limites que podemos avaliar quais são as nossas forças. Neste caso, mais realidade significaria menos sofrimento e mais qualidade de vida para todos.
Faça o que você pode, com o que você tem, no lugar onde você está!
Theodore Roosevelt

Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com

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