Ninho mágico
de amor e segurança
É o que tentamos
construir nestes últimos anos para minha mãe. Somos 13 filhos, 8 mulheres e 5
homens.
Sou Luci, com 50
anos, a caçula das mulheres. Quando eu tinha 12 anos perdemos meu pai, e nossa
mãe foi nosso apoio. Comecei a trabalhar aos 15, e desde sempre moramos juntas.
Jefferson surgiu em minha vida afetiva e “adotou “minha mãe (para alegria de
todos) –somos atualmente as únicas pessoas que ela reconhece. Só admite fazer
suas refeições se estamos presentes.
Hoje ela tem 88 anos,
e faz 8 anos que passou a cuidar da casa, esquecendo panelas no fogo, deixando
as roupas esquecidas debaixo de ferro de passar, queimando. Surgiu extrema
dificuldade para adormecer à noite, pedia pelas suas “crianças”. Nomes e
identidades foram se apagando – todos agora eram “mãe”. Demorei a me acostumar
a ser chamada assim.
Ela sofreu um
acidente vascular cerebral – AVC, e o custo final foi um olho sempre fechado (o
que a incomoda muito) e falha de equilíbrio severa – só anda de braço dado. Só
dorme de mãos dadas com uma pessoa ao seu lado. Sabemos que é Alzheimer, agora,
e vamos adaptando nosso mundo para que ela sofra o mínimo possível.
Ela não suporta mais
ficar sozinha em um cômodo da casa. Grita até que surja alguém. Agora está em
estado de permanente agitação, acho que o incômodo da comunicação falha (já tem
problemas de audição) deve gerar muita ansiedade.
Aprendemos a dividir
a responsabilidade dos cuidados – durante a semana eu, minha irmã Elza e
Jefferson cuidamos de tudo, e os fins de semana são alternados nas casas das
demais filhas.
Ela é muito amorosa
com todos.
“E a doçura é tanta que faz insuportável cócega na alma.
Viver é mágico e inteiramente inexplicável. – Clarice Lispector.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga,
e-mail:bfritzsons@gmail.com
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