Se Gisele pode ir, vamos todos nós.
Gisele tem quarenta anos hoje. A primeira
filha tinha dois anos e meses quando ela nasceu. Foi gravidez conturbada,
passei mal, parecia aborto, e depois de seu nascimento concluímos que eu teria
perdido seu irmão gêmeo. A cabecinha não se firmava no pescoço. O diagnóstico
foi de microcefalia, comprometendo seu desenvolvimento. Fiquei muito chocada e revoltada.
Depois senti muito amor. Tive ainda outra filha e já casadas, ambas nos deram
quatro netos. Sou Marlene, com 65 anos e meu esposo Gilberto tem 72.
Gisele não anda, só
os familiares compreendem a fala, não se alimenta sozinha ou toma banho. Faço tudo
por ela e seu pai me ajuda na locomoção. A metade direita de seu corpo não se
movimenta. Não chegamos a considerar a
possibilidade de ir à escola. Com fisioterapia conseguiu se sentar. A inteligência parece preservada como a de uma
criança – gosta de rádio e de televisão, conseguindo ligar sozinha. Conhece
músicas, desenhos, artistas. Procura compartilhar notícias de acidentes. Brinca
muito com meus netos. Neste Natal pediu uma boneca igual à de minha netinha. É
amorosa com todos eles e recebe muito amor de todos nós. Todos os dias acomodamos
Gisele em uma cadeira e a colocamos no jardim – ela aprecia muito olhar o
movimento. Os vizinhos cumprimentam com carinho quando passam.
Fez a primeira
comunhão, sua crisma, comunga sempre. Sabe o significado. Na visita do Padre,
brincando diz que é seu namorado.
Sai de casa usando
um carrinho de bebê adaptado (pesa 45 kg). A cada convite, fazemos uma
avaliação prévia – se pudermos levar Gisele, toda família vai. Caso contrário,
nenhum de nós.
“As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um
olhar.” - Leonardo da Vinci.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:
bfritzsons@gmail.com
Bom dia Beth, adoramos a matéria .
ResponderExcluirObrigada Família da Gisele
Parabéns pela matéria fico imensamente feliz por fazer parte desta família e poder partilhar deste amor.... Admiro muitíssimo vcs!!!!!
ResponderExcluirGisele é uma querida! Desde criança que sempre a via nas reuniões religiosas, nas missas... Sem dúvida que a mãe queria que fosse uma pessoa independente, livre.. não entendemos mas temos fé e acreditamos no que é bom! É muito interessante quando estamos conversando sobre algo e ela dá sua opinião, participa da conversa. É um espírito de luz e muito inteligente! Parabéns pela reportagem!
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