O projeto Nossa Cidade, do TheCityFix Brasil, explora questões importantes para a construção de cidades sustentáveis.
A cada mês um tema diferente.
Com a colaboração e a expertise dos especialistas da EMBARQ Brasil, as séries trazem artigos especiais sobre planejamento urbano, mobilidade sustentável, gênero, resiliência, entre outros temas essenciais para um desenvolvimento mais sustentável de nossas cidades.
Como a calçada influencia a atividade física?
Sabe aquele hábito de ir pra frente da TV após o dia de trabalho? Pela primeira vez na história, o sedentarismo está reduzindo a expectativa de vida dos brasileiros, que será de cinco anos a menos em média – ele já atinge 48,7% da população adulta e vai aumentar, gerando prejuízos físicos, sociais e econômicos a todos.
Como parte da solução, hábitos saudáveis são essenciais. Mas um elemento urbano também pode dar um empurrãozinho que faz toda a diferença para incentivá-los: a calçada! Porque a maneira como o ambiente urbano é desenhado influencia e muito sobre como as pessoas utilizam-no.
O conceito de Design Ativo é chave para compreender isso. Proposto pela prefeitura de Nova York sob o comando do então prefeito Michael Bloomberg, prioriza cidades mais habitáveis a partir da priorização dos modos de transporte ativos, como a caminhada e a bicicleta, e coletivos, como o ônibus, no ambiente urbano. Aqui no Brasil, a organização Cidade Ativa promove esse conceito nas cidades, a fim de promover transformações no ambiente urbano que incentivem um estilo de vida mais ativo e saudável.
Mas como implantar a teoria na prática? A prefeitura de Nova York criou o “Manual do Design Ativo: promovendo atividade física e saúde através do design (tradução livre)”. O documento, que traz uma série de recomendações, pode ser utilizado por prefeituras e organizações que querem pensar nas melhores formas de planejar o espaço urbano.
Conheça, abaixo, algumas destas táticas que têm relação direta com as calçadas para tornar as pessoas mais ativas e saudáveis a partir do planejamento urbano:
Desenho urbano
- Uso misto do solo. Residências, escritórios, escolas, estabelecimentos comerciais, espaços culturais e de lazer, quando coexistem sobre as calçadas de um bairro, encorajam mais e mais pessoas a caminhar. Afinal, é tudo de bom ter as ruas do seu bairro cheia de pessoas e coisas pra olhar. Usar o solo urbano para atividades sociais e econômicas enche o bairro de pessoas – e vida. Quem aí preferiria caminhar numa rua deserta?
- Áreas residenciais perto de parques, praças e áreas de lazer. Ruas conectadas são fáceis de caminhar. Acrescente então espaços públicos de qualidade, a dez minutos a pé de qualquer lugar, e os pedestres mostrarão sua cara.
- Supermercados e mercados perto de casa e do trabalho. Estudos demonstram que a presença destes estabelecimentos num bairro está associada a dietas mais saudáveis e moradores com menos peso. Ao contrário disso, áreas com restaurantes fast food aumentam o risco de obesidade entre os moradores.
Transporte público e estacionamento
- Prédios próximos a pontos de transporte coletivo e ao longo de corredores de ônibus. A Big Apple descobriu uma relação inversa entre obesidade e a densidade urbana ao longo de pontos e corredores de ônibus. Aqueles que utilizam o transporte coletivo caminham mais.
- Pontos de transporte coletivo em ruas conectadas. São mais fáceis de acessar a pé; assim há um maior uso do transporte coletivo nestas áreas.
- Conveniências para os pedestres no ponto de transporte coletivo. Proteção do sol e da chuva, assentos, calçadas largas com espaço para todos – quem caminha e quem aguarda o transporte – torna o transporte coletivo e o espaço urbano muito mais amigáveis e acessíveis.
- Vagas de estacionamento não estão isoladas. Ao planejá-las, deve-se considerar como elas vão afetar o transporte a pé, por bicicleta e coletivo. Em geral, quando há estacionamento disponível, as pessoas utilizam-no – quanto mais oferta em estacionamento, menos estímulo ao transporte ativo e coletivo.
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