A música pode renovar vidas perdidas para a demência
Escrito por Sofia Lucena(*)
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Música e Memória, ajuda a dar vida nova a pessoas demenciadas a partir da formação de cuidadores e de instituições de cuidados. Os benefícios terapêuticos da música personalizada são imensos. O projeto, inovador, já ajudou milhares de moradores que sofrem de demência e outras deficiências cognitivas e físicas crônicas a se reconectarem com a família, amigos e cuidadores através do programa de música digital personalizada.
Ninguém quer acabar sozinho e isolado em uma instituição de longa permanência, seja casa de repouso, clínica geriátrica ou asilo, como são ainda e, infelizmente, muitas as moradias coletivas para idosos. Mas também é verdade que não queremos acabar isolados e sozinhos em nossas próprias casas, o que também acontece e, muito, principalmente quando se chega a uma determinada etapa de doenças degenerativas, como a Doença de Alzheimer.
Não é fácil perdermos um familiar querido para a Doença de Alzheimer ou outras formas de demência, quando a pessoa deixa de ser o que sempre foi para ser outra coisa, indefinível, como acabamos de ver no filme “Para sempre Alice” (Still Alice, 2014) que esteve em cartaz no cinema comercial e cuja atriz, Julianne Moore, acabou levando o Oscar de 2015 com a interpretação de uma professora universitária que sofre da doença. É terrível pensar que podemos algum dia, ao final de nossas vidas, ficar assim, e parar em uma casa (que pode ser a nossa própria) totalmente isolados e sós.
Se por um lado ainda existem instituições que mais parecem depósitos, por outro lado observamos o surgimento de várias outras que trazem outras perspectivas de cuidados – que não sejam apenas cama, banho e comida. E isso nos dá esperança de termos um envelhecer melhor. No Brasil podemos falar dos Centros Dia, especialmente em São Paulo, estando à frente pessoas com formação gerontológica. São lugares onde as pessoas mais fragilizadas podem passar o dia junto com outras e acompanhadas por profissionais que as ajudam a organizar o tempo individual de cada.
Lá fora, alguns desses lugares de cuidados estão sendo capacitados pelo projeto Music & Memory℠ (Música e Memória), em que profissionais ajudam pessoas idosas que sofrem de diversos desafios cognitivos e físicos a encontrarem significado e conexão renovadas em suas vidas presentes por meio da música personalizada.
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A abordagem é simples, elegante e eficaz. Segundo seus idealizadores, “Nós ensinamos profissionais que cuidam dos mais velhos a como configurar listas de músicas personalizadas, entregues em iPods e outros dispositivos digitais, para aqueles sob seus cuidados. Estas músicas favoritas atingem memórias profundas que ainda não foram perdidas por causa da demência e podem trazer as pessoas demenciadas de volta à vida, permitindo-lhes sentir como eles, novamente, conversar, conviver e permanecer presentes.”
O trabalho de Music & Memory está fundamentado em uma extensa pesquisa em neurociência. Os resultados podem ser considerados um milagre. Um deles, bastante divulgado recentemente nas redes sociais, é o caso de Henry, que sofre de demência há mais de uma década e quase não dizia uma só palavra a ninguém, até Music & Memory criar um programa de iPod para ele, na casa de repouso onde vive. Veja o vídeo:
Os benefícios terapêuticos da música personalizada
De acordo com os idealizadores do projeto, o redespertar extraordinário de Henry não é único. Em centenas de instituições de cuidados, certificados pelo Music & Memory℠ (Music & Memory℠ Certified Care Facilities) em todo os EUA e Canadá, já ajudou milhares de moradores que sofrem de demência e outras deficiências cognitivas e físicas crônicas a se reconectarem com a família, amigos e cuidadores através do programa de música digital personalizada.
A pesquisa e avaliação do trabalho de Music & Memory em instituições de cuidados de idosos, ainda em curso, mostram resultados consistentes:
a) Moradores estão mais felizes e mais sociais.
b) As relações entre funcionários, moradores e familiares se aprofundaram.
c) Todos se beneficiam de um ambiente social mais calmo e mais solidário.
d) Os funcionários recuperaram tempo precioso perdido previamente tratando de questões comportamentais.
e)Há evidências crescentes de que um programa de música personalizada dá aos profissionais mais uma ferramenta em seu esforço para reduzir a dependência de medicamentos.
O objetivo dos idealizadores é fazer com que essa forma milagrosa de música terapêutica personalizada seja o melhor padrão a ser implantado em instituições de cuidados de idosos em todo os EUA. Há milhões de pessoas como Henry lutando para escapar do isolamento da demência. Mas também formar cuidadores familiares para que eles possam levar a música digital personalizada a seus entes queridos em suas próprias casas.
(*) Sofia Lucena é membro da rede de Colaboradores do Portal do Envelhecimento.
http://www.portaldoenvelhecimento.com/cuidados/item/3584-a-musica-pode-renovar-vidas-perdidas-para-a-demencia
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