FOI SEM SE DESPEDIR, DE REPENTE!
Meu marido de 73 anos trabalhava como azulejista, adorava fazer cálculos
matemáticos e tocar violão, sempre fortemente religioso. Achou que sua dor de
estomago, que já durava dias, era gastrite. De madrugada, a dor apertou muito,
e a filha foi junto com ele, para o hospital. Eu não consegui chegar, ao fim do
dia, a tempo de visitá-lo ainda vivo. Coisa mais doida, mais sem jeito, a gente
passa toda uma vida juntos, e de repente não dá mais nem para trocar umas palavras!
É recente, eu ainda estou tentando achar sentido diferente para minha velha vida.
Tenho 71 anos, sou Juraci, hipertensa, agora precisando de calmante e
enfrentando uma “tremedeira” em meu braço direito que não sabemos de onde vem,
talvez do remédio de labirintite. Ou talvez de assumir sozinha a condução de
minha pequena família. Tenho filha adulta, que nunca foi boa de estudo, gosta
muito de sair com sua turma de amigos, mas graças a Deus sabe ser boa empregada
doméstica. Mesmo não sendo casada, ela nos abençoou com um menino maravilhoso,
parceiro, que diz para eu não me preocupar, que cuidará da vovó, com toda a
força de seus oito anos. Nestas horas a gente encontra apoio inesperado em
velhos amigos, a família em que minha filha trabalha assumiu todo o funeral, eu
não tinha condições de me organizar mentalmente. Outra benção. Já sou
aposentada, fui cozinheira da Prefeitura Municipal, e o fato de termos uma
criança para encaminhar é um “presta-atenção!” da vida, para mim e para a minha
filha. Tudo recomeça, e eu como avó devo cuidar da estabilidade e funções da
casa, e ela como mãe de trabalhar. E juntas, cuidarmos da educação deste mocinho.
Sinto muita saudade de meu parceiro, mas nosso amor sobrevive em tudo isto. “O
segredo do amor é maior do que o segredo da morte” – Oscar Wilde.
Caso Real – Elizabeth Fritzsons
da Silva, psicóloga, e- mail: bfritzsons@gmail.com
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