IDOSA, E CAPAZ DE ALEGRIA DE CRIANÇA
Sou Ana, de 73 anos, casada há
cinqüenta e quatro anos com Antonio, de 79 anos. Começamos nossa vida na
lavoura, e como a maioria das famílias, lutamos muito para conseguir encaminhar
duas moças e um moço na vida. Eles nos agradeceram morando próximos, cuidando
de nós, nos presenteando com sete netos e um bisneto. Qualquer motivo gera
gostosas reuniões familiares. Cuido de todo o serviço de minha casa, meu marido
gosta de entalhar madeira (carrinhos de boi, porteiras, portões). Eu achava que
tudo estava na mais perfeita ordem em minha vida até conhecer um clube de
idosos (CIVI). Surpreendida, percebi oportunidades que não teria imaginado para
este momento da vida. De tanto administrar sonhos e necessidades de quem a
gente ama a gente não se percebe como prioridade também. Descobri que podia
fazer meu primeiro curso de computação, grátis. E que podia comprar um
computador. Descobri que gosto de fazer ginástica e aerodance (adaptadas para a
pessoa idosa). Tudo isto sozinha, o Antonio não curte. Estou com projetos de
freqüentar o coral em 2014! E descobri que amigos idosos são absolutamente
necessários neste momento para reciclar experiências, dar risadas, compartilhar
novidades. Para mim são insubstituíveis – é com eles que faço passeios
memoráveis, pelas pousadas, fazendas e recantos turísticos de nossa região, ao
alcance de um ônibus fretado. Conhecemos novos restaurantes, usufruindo de
teleféricos, passeios a cavalo, lagos, arvorismo, jardins temáticos em clima de
amizade, com a única responsabilidade de cuidar de nós mesmos. Delícia ter a
família, mas delicia também ser a Ana!
“Só as crianças e os velhos
conhecem a volúpia de viver dia-a-dia, hora a hora, e suas esperas e desejos
nunca se estendem além de cinco minutos...” – Mario Quintana
Caso real, Elizabeth Fritzsons da
Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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