AMOR NA PRIMEIRA “ESBARRADA”
Sou Leandro, tenho 34 anos, sou deficiente visual, trabalhando todos os
dias, já faz um ano, em callcenter da empresa NET, que é maravilhosamente
inclusiva, em minha opinião. Falo isto
pelo clima-delícia de trabalho e pela amplitude do acolhimento – tenho colegas
deficientes auditivos, intelectuais, visuais e físicos. . Sou massoterapeuta
formado, faço massagens anti-stress de dez minutos de duração, tenho horários
agendados dos funcionários da empresa para todo o dia, somos três deficientes
visuais nesta tarefa, tem gente que gosta tanto que agenda três sessões por
semana. Mas quero contar porque estou meio “bobo”, super-confiante, com a
auto-estima elevada. Faz um ano também que conheci Rosangela, e depois de tocar
sua mão, ouvir sua voz, sentir seu cheiro, percebi que era sério, nunca tinha
sentido nada parecido. Ela não pensava em casamento, depois de me conhecer
mudou de opinião. Os amigos me contam que é muito bonita. Eu vejo a beleza de
dentro. Estamos de casamento marcado para março/2014, eufóricos, queremos fazer
nossos próprios convites, nossa decoração, queremos todos nossos amigos presentes
e ela quer convidar seus alunos deficientes auditivos, de seu trabalho
voluntário. Por profissão é professora do ensino fundamental. Teremos
intérprete de Libras e vamos lutar para ter audiodescrição. Trocamos
conhecimentos – ela está me ensinando Libras para eu poder me comunicar com
meus colegas deficientes auditivos, e ela está conhecendo as particularidades
da vida do deficiente visual convivendo comigo. Ela não me trata como
deficiente, e sim como igual, diz que tem orgulho de andar comigo (e minha
bengala) na rua. Ela entende minha luta, é parceira. “Todo ser é potência, e a
potencialidade de cada um se desenvolve na relação.”-Spinoza.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da
Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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