por Fátima Cristina dos Santos - phatyma.santos@uol.com.br
É um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. Por ser chamado um distúrbio, professores e pais consideram uma "doença"que irá incapacitar o portador. É um dos transtornos de maior incidência em salas de aula, sendo que cerca de uma a cada cinco crianças em idade escolar apresentam dislexia, sua origem é genética.
Seguramente 15% a 25% da população mundial é dislexia. Esta palavra vem do grego: dus=difícil lexia=palavra. Assim como temos os conceitos de discalculia, sendo a dificuldade da pessoa em elaborar uma equação matemática.
Estas crianças são inteligentes, sociáveis, e apresentam informações verbais adequadas. Sua dificuldade ocorre em áreas especificas do cérebro, por exemplo, a incapacidade de identificar as letras e conseqüentemente formar as palavras e até uma simples frase. Uma área do cérebro não funciona adequadamente, neste caso é a responsável pela percepção e analise visual. Portanto o restante do cérebro está integro e intacto.
A disfunção afeta áreas especifica como; linguagem, leitura, escrita, cálculo, motricidade,
raciocínio, memória e atenção. O lado esquerdo do cérebro é o responsável pelo processo do aprendizado. O seu impedimento não é intelectual e sim de execução.
Essas crianças sofrem muito, são confundidas por pouco inteligente, preguiçosa, desleixada, troca-troca, levam muitos rótulos depreciativos dados pelos pais quando comparadas a vida escolar dos irmãos ou primos, e por professores que desconhecem as características da dislexia, causando-lhes traumas, sofrimento interno, medo de ler em voz alta em sala de aula, por receio das zombarias dos colegas.
Com o resultado de meu trabalho há 5 anos, a porcentagem de nossas crianças dislexias é superior aos dados revelados, nossos alunos possuem mais dificuldades em comparação as crianças; americanas ou européias e independe da classe econômica.
Necessitam de uma assistência diferenciada, trabalhos fonéticos repetitivos, pois apresentam uma dificuldade na "fixação" dos fonemas daí as trocas: b por p, n por m etc. E uma dose extra de paciência, afeição por parte dos educadores, compreensão dos responsáveis.
Algumas características:
- A criança apresenta fala tardia ou problemas de linguagem
- dificuldade de leitura, trocas como; faca/vaca - pala/bala - cola/gola
- resultados escolares não condizem com a capacidade intelectual
- possui resultados melhores nas provas orais que nas escritas
- diz que não gosta de ir à escola; pois são motivos das zombarias.
- confunde direita com esquerda
- possui grande imaginação e criatividade, nas áreas; desenho, pintura, música, teatro e esporte
- dificuldade em se organizar no tempo e espaço, hora e direção.
- dificuldade em memorizar números
- sonham acordados, dizem que vivem da lua.
Senhores pais e professores: uma classe não é um grupamento homogêneo. Cada aluno possui seu tempo de aprendizagem, esse transtorno é pouco conhecido.
Alunos diferenciados devem receber um ensino diferenciado, até que os primeiros conceitos de leitura, escrita e cálculo sejam adquiridos.
A dislexia é um grave problema social também, famílias de pouco recursos financeiros, não terão a possibilidade de contratar profissionais qualificados para ajudar essas crianças. Ocorre o abandono escolar por não acompanhar a "turma", e a decepção de ser um "incapaz" por toda uma vida, ou quando não ocorre o caminho pela marginalidade.
Em muitos relatos de crianças e adolescentes com que trabalhei, percebi o poder transformador desses alunos, o brilho nos olhos quando conseguem superar este desafio, que para muitos é tão simples, imaginem: tendo que usar um toalete, abrir um cardápio e escolher o seu prato, ter que pegar um ônibus e não conseguir ler o percurso.
Albert Einstein, "sofreu" este drama, foi considerado pelos professores como um incapaz, foi alfabetizado pela mãe, e não há necessidade de falar a importância de sua figura para a humanidade.
Fonte: Site Somos Todos Um
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