Cega enumera 10 erros que mais magoam quem tem deficiência visual
A americana Caitlin Hernandez, certa vez, ouviu da professora de canto que não poderia participar das aulas. Também teve questionada sua capacidade para acompanhar o ensino fundamental. Em todas as adversidades, ela se saiu bem: na primeira, contou com a ajuda de colegas, que contestaram a decisão da educadora. Na segunda, teve o incentivo do professor, o que a ajudou a ganhar confiança.
Cega desde a infância, Caitlin sempre se destacou em suas atividades: escreveu três peças de teatro, fez contos e pequenas histórias, orienta crianças com e sem deficiência e cursa mestrado em educação na Universidade Estadual de São Francisco. Recentemente, ela também ganhou repercussão ao fazer uma lista com os dez erros que mais magoam pessoas cegas.
Em um texto direto, ela diz que gostaria que muitos aspectos da cegueira fossem entendidos universalmente, como quando ela precisa ou não de ajuda e o fato de ela fazer algumas coisas diferentes, que não são mágicas ou maravilhosas de alguma forma – apenas diferentes.
A lista, diz ela, são algumas coisas que a família e os amigos fazem. “Mesmo que não aconteçam frequentemente, elas tendem a machucar ou incomodar quando acontecem”, escreve a jovem. Leia, a seguir, quais são elas:
1. Evite fazer brincadeiras. Nada de perguntar quantos dedos estão levantados, exemplifica ela.
2. Não faça surpresas. Gritar
"
buuu
"
atrás de um amigo cego não é engraçado. “Se fizer isso, ou você vai levar um soco ou vai sentir a bengala batendo nos seus joelhos”, escreve.
3. Não brinque com a bengala. Nunca faça isso sem pedir, diz Caitlin. Se você quer saber como ela é ou andar um pouco com ela, pergunte antes. “Mas não fuja ou me deixe parada em algum lugar sem ela.”
4. Nada de ser um decorador de interiores. “Eu sei que, às vezes, é um acidente, mas não mova minhas coisas sem me dizer, especialmente se for dentro de casa e você sair em seguida.”
5. Não pense que pessoas com visão são superiores. Segundo ela, às vezes, alguém a diz, de uma maneira condescendente, como se vestir. “Eu não posso ver como estou, mas isso não quer dizer que eu não tenho senso de autoimagem e identidade. Se eu quiser um conselho, vou pedir”, avalia ela.
6. Pare de comparar. Para Caitlin, as pessoas são como sorvete: vêm em sabores diferentes. Por isso um cego não pode ser comparado a outro. Frases como “se ele pode fazer isso de forma independente, por que não você?” não fazem o menor sentido, analisa.
7. Seja um guia sensível. “Se formos próximos, vou dar a mão ou o braço. Se não formos, vamos no tradicional mão-no-cotovelo.” No entanto, diz ela, não vale apertar o pulso como se ela tivesse dois anos de idade nem puxar pelo ombro para mostrar onde ir.
8. Ajude e esqueça depois. Caitlin diz que quando ela estiver procurando a bebida ou o guardanapo ou quando a bengala ficar presa em uma rachadura na calçada, o melhor é apenas ajudar sem fazer cena sobre isso e sem disparar comentários durante o jantar. “Eu vou te amar para sempre se você ignorar esses episódios ou se você rir comigo e mantê-los entre nós”, escreve ela.
9. Não seja sem consideração. “Se eu fizer uma confidência sobre algo difícil ou assustador para mim, e ao qual a cegueira adiciona uma camada extra, por favor, não desconsidere meus sentimentos, dizendo: “Todo mundo se sente assim às vezes.” Todos têm suas lutas?, pergunta ela. “Claro. Mas a cegueira pode indiscutivelmente fazer nossas lutas diferentes”, acrescenta.
10. Eu não existo para fazer você parecer incrível. “Não faça um show ao me ajudar, apenas para você parecer uma heroína em frente ao cara pelo qual você tem uma queda”, provoca ela. “Não me trate como uma foca treinada: Caitlin, mostre a todo mundo como você lê em Braille, como usa o computador ou como anda em linha reta.” Mas, acrescenta ela, se você pedir gentilmente: “Caitlin, você se importaria de mostrar como você digita?”, ela responderia: “Eu ficarei feliz em fazer uma demonstração 90% das vezes”.
O texto completo, em inglês, está disponível no site “The Mighty”.
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