Professora paraplégica supera limites e dá aulas em pé com cadeira especial
Léia Borges, de Rifaina (SP), voltou a dar aulas cinco anos após acidente.
Equipamento de R$ 20 mil é necessário para fortalecer ossos e órgãos.
Quando fez o juramento solene na formatura do curso de pedagogia, a professora Rosileia da Costa Borges, de 39 anos, não imaginava as dificuldades que teria pela frente para continuar exercendo a profissão após sofrer um acidente que a deixou paraplégica. Nesta quarta-feira (15), Dia do Professor, ela tem mais um motivo para comemorar. Há dois anos retornou às salas de aula e com ajuda de uma cadeira de rodas especial consegue até ficar em pé para escrever na lousa da escola estadual Henriqueta Miranda, em Rifaina (SP). (Veja vídeo acima)
Léia, como é conhecida, perdeu os movimentos depois de capotar o carro que dirigia, em 2007. Ela saía de uma fazenda com o filho, então com 4 anos, e os irmãos, e voltava para a casa dos pais, quando perdeu o controle do veículo em uma estrada de Sacramento (MG). “Eu sempre fui enjoada com cinto de segurança, pedia para todo mundo colocar, mas nesse dia eu estava dirigindo numa estrada de terra antes de entrar no asfalto, todo mundo estava conversando, eu nem notei que estava sem cinto e fui arremessada para fora do carro”, conta.
Recuperação
Somente Léia ficou ferida no acidente e precisou ficar 25 dias internada em um hospital de Franca (SP), onde morava na época. O diagnóstico de paraplegia levou seis meses para ser conclusivo e foi nesse momento que ela percebeu que seu jeito didático poderia dar forças para enfrentar a condição de cadeirante e superar as dificuldades. “Eu estava com mais 40 pessoas aprendendo sobre lesão medular no Instituto Sarah Kubitschek, em Belo Horizonte, estava todo mundo amedrontado e só eu com coragem para fazer as perguntas, que sempre tinham respostas negativas”, relembra.
Somente Léia ficou ferida no acidente e precisou ficar 25 dias internada em um hospital de Franca (SP), onde morava na época. O diagnóstico de paraplegia levou seis meses para ser conclusivo e foi nesse momento que ela percebeu que seu jeito didático poderia dar forças para enfrentar a condição de cadeirante e superar as dificuldades. “Eu estava com mais 40 pessoas aprendendo sobre lesão medular no Instituto Sarah Kubitschek, em Belo Horizonte, estava todo mundo amedrontado e só eu com coragem para fazer as perguntas, que sempre tinham respostas negativas”, relembra.
Já tínhamos nãos suficientes para dizer sim para a vida"
Léia Borges, professora
“Tudo o que eu questionava o médico respondia: ‘não, não há possibilidade’. Perguntei se existia chance de regenerar a medula com células tronco: ‘não, não há possibilidade’. Chegou um momento que eu fui clara, perguntando se todos que estavam ali não tinham chance nenhuma de voltar a andar, o médico respondeu que era isso, e todos encheram os olhos de lágrimas e começaram a chorar. Foi quando eu percebi que já tínhamos nãos suficientes para dizer sim para a vida”, afirma Léia. Ao sair do anfiteatro onde o médico atendia, a professora sugeriu que todos apostassem corrida com as cadeiras de rodas. “Todo mundo voltou a sorrir e saímos correndo pelo corredor”, diz.
Retorno às aulas
A volta de Léia às salas de aula ocorreu cinco anos depois do acidente e duas cirurgias. A professora também precisou esperar dois anos para a publicação da readaptação dela pela Secretaria de Estado da Educação. O retorno foi na escola José dos Reis Miranda Filho, em Franca, e há três meses pediu transferência para Rifaina, para ficar mais perto da família e dar uma criação melhor para o filho de 11 anos, quem considera o grande responsável por sua superação. “Ele é minha maior motivação, para continuar vivendo, lutando, para educar e ver crescer”, comenta.
A volta de Léia às salas de aula ocorreu cinco anos depois do acidente e duas cirurgias. A professora também precisou esperar dois anos para a publicação da readaptação dela pela Secretaria de Estado da Educação. O retorno foi na escola José dos Reis Miranda Filho, em Franca, e há três meses pediu transferência para Rifaina, para ficar mais perto da família e dar uma criação melhor para o filho de 11 anos, quem considera o grande responsável por sua superação. “Ele é minha maior motivação, para continuar vivendo, lutando, para educar e ver crescer”, comenta.
Com movimentos apenas nos braços, pescoço e cabeça ela utiliza um carro adaptado para dirigir 30 quilômetros entre Sacramento, onde mora, e Rifaina para dar aulas de apoio pedagógico três vezes por semana. Segundo ela, a escola já estava adaptada quando chegou. “Estava tudo pronto, só não tinha quem usasse”. No local, há rampas e barras para ajudar na locomoção, além de uma sala especial, com banheiro adaptado, onde aplica sonda para esvaziar a bexiga a cada quatro horas, com ajuda de uma enfermeira da rede básica de saúde. Devido à paraplegia, alguns órgãos de Léia não funcionam normalmente.
Em pé
A cadeira especial que usa, que a permite ficar em pé, custou R$ 20 mil e foi comprada com ajuda de amigos e familiares. O equipamento é necessário também para fortalecer os ossos e órgãos. “Ativa a circulação, fortalece a musculatura e com ela ainda posso pegar livros nas estantes, abrir armário e posso olhar olho no olho”.
Léia afirma que não sofreu preconceitos ao retornar às aulas e é respeitada pelos alunos e professores. “Inicialmente eram alunos menores e senti acolhimento, deles querendo ajudar, empurrar a cadeira, com a motorizada tinha aluno querendo dar voltinha no colo, conto minha história, digo que sou a Léia de sempre, só que agora sobre duas rodas”, afirma.
Ela vê sua presença na escola como uma forma de motivar os colegas de trabalho e os alunos. “No momento que me encontro com os outros professores, que se debatem com tantas dificuldades, sejam físicas, materiais, afetivas ou emocionais na escola, e com as crianças que se encontram em situações difíceis, vejo que eles enxergam que se eu estou ali sem reclamar eles também podem unir forças para que a escola possa evoluir”, diz.
Em pé
A cadeira especial que usa, que a permite ficar em pé, custou R$ 20 mil e foi comprada com ajuda de amigos e familiares. O equipamento é necessário também para fortalecer os ossos e órgãos. “Ativa a circulação, fortalece a musculatura e com ela ainda posso pegar livros nas estantes, abrir armário e posso olhar olho no olho”.
Léia afirma que não sofreu preconceitos ao retornar às aulas e é respeitada pelos alunos e professores. “Inicialmente eram alunos menores e senti acolhimento, deles querendo ajudar, empurrar a cadeira, com a motorizada tinha aluno querendo dar voltinha no colo, conto minha história, digo que sou a Léia de sempre, só que agora sobre duas rodas”, afirma.
Ela vê sua presença na escola como uma forma de motivar os colegas de trabalho e os alunos. “No momento que me encontro com os outros professores, que se debatem com tantas dificuldades, sejam físicas, materiais, afetivas ou emocionais na escola, e com as crianças que se encontram em situações difíceis, vejo que eles enxergam que se eu estou ali sem reclamar eles também podem unir forças para que a escola possa evoluir”, diz.
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