quinta-feira, 2 de outubro de 2014

COMPRANDO UM CAVALO, GANHEI UMA PROFISSÃO!


   Quando comprei uma pele inteira de couro para trabalhar tive  uma sensação incrível de poder. Poderia recortar como quisesse, e escolher o que produzir!  Sempre tinha feito meus trabalhos de artesanato, desde os quinze anos, com retalhos industriais descartados, criando em cima do limite encontrado. Eram tempos bem mais duros, eu produzia peças para vender nos parques de diversão, feiras e quermesses, porque daí teria o que gastar. Meu pai, um lavrador com oito filhos, nem sempre podia dar um dinheirinho, para o transporte ou para o lanche. Eu ia a pé mesmo. Quando os amigos me convidavam para comer eu dizia que era uma pena já tinha jantado, e muito bem! Fui fazendo artesanato, terminei o colegial, casei, descasei e trabalhei como eletricista em paralelo, sempre me qualificando cada vez mais. Sonhava muito em ter um cavalo. Quando comprei o primeiro (já tive vários), veio de presente junto um arreio quebrado. Inventei um jeito de consertar. Amigos cavaleiros viram o serviço e trouxeram mais consertos – e não parei nunca mais. Hoje uso vinte peles de couro por mês, em média. Sou Edson, com 60 anos, que tem uma selaria com sede própria, quase trinta anos de trabalho, no segundo casamento, com esposa e filhas parceiras, que ajudam quando o serviço aperta, pois além do comercio de cintos esporas, selas e barrigueiras, tenho boa clientela em indústrias que pedem que desenvolva diversos tipos de acessórios de couro para proteção de ferramentas de trabalho. Adoro tanto ficar na loja, produzindo e atendendo, no meio deste cheiro de couro, que nem percebo o passar das horas!


“Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia da tua vida” – Confúcio.

Caso real, Elizabeth Fritzsons da silva, psicóloga, e-mail; bfritzsons@gmail.com

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