Fernanda Tescarollo teve um derrame quando tinha apenas 31 anos
Fernanda Tescarollo teve um AVC quando tinha apenas 31 anos
Eu sei bem o que é um AVC, ou derrame. Em 2003, o meu irmão mais velho, então com 60 anos e já lidando com a diabetes, sofreu um daqueles fulminantes. Nunca mais foi o mesmo. Foram 20 meses lidando com as graves sequelas do derrame até que a doença o venceu. Os médicos atribuíam as mazelas de saúde do meu irmão, principalmente, à sua dieta extravagante. Neste artigo para a revista Época, Cristiane Segatto trata mais dos fatores de risco que contribuem para que as mulheres sofram AVC. Ela começa o artigo falando de uma vítima jovem: uma engenheira de 31 anos.
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Em 2010, conheci uma moça cheia de ambições. A engenheira Fernanda Tescarollo queria voltar a lavar o rosto com as duas mãos. Queria ser capaz de imitar o Cristo Redentor, com os braços bem abertos, para corresponder a um abraço. Paulistana, mas apaixonada pelo Rio de Janeiro, queria se equilibrar sobre o salto alto e voltar a sambar na quadra da Mangueira. Exatamente como fazia até 2008, quando um acidente vascular cerebral (AVC) a obrigou a parar tudo e rever tudo. “Se você não aprende a parar, a vida te para”, dizia.
Fernanda, 36 anos, faz parte de um grupo pouco conhecido de vítimas do AVC: o das mulheres jovens. Perfeccionista, independente, duas vezes divorciada, Fernanda progrediu rápido na carreira. Era um exemplo da atual geração de profissionais aparentemente superpoderosas. Trabalhava numa multinacional e vivia um período de forte pressão. Aos 31 anos, no auge da produtividade, sofreu um derrame.
Há poucos dias, a Associação Americana do Coração divulgou nos Estados Unidos diretrizes específicas para o sexo feminino com o objetivo de prevenir derrames. É a primeira vez que faz isso. Antes tarde do que nunca. Bem que o Brasil poderia se inspirar e lançar um alerta oficial claro e contundente.
As doenças cardiovasculares (o AVC é uma delas) são a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Quando não mata, um derrame pode deixar graves sequelas. Ele afeta homens e mulheres, mas alguns fatores de risco são mais comuns no sexo feminino ou ocorrem apenas em mulheres. Os principais:
PÍLULA ANTICONCEPCIONAL
Muitas mulheres (ou adolescentes) começam a tomar pílula por conta própria. É um erro que pode ser fatal. Antes de adotar um contraceptivo oral, é fundamental saber a quantas anda a pressão arterial e se há casos de trombose na família. Os hormônios aumentam a capacidade de coagulação do sangue. O mesmo pode ocorrer quando a mulher faz reposição hormonal na menopausa. Quem toma pílula ou faz reposição hormonal está mais sujeita a sofrer de trombose (formação de coágulos no interior de um vaso sanguíneo). A trombose pode levar ao AVC. Na maioria dos casos, as moças que sofrem um AVC não sabiam que tinham predisposição genética à trombose.
PÍLULA E CIGARRO
Péssima combinação. Ela eleva em oito vezes o risco de AVC. O sangue dos fumantes torna-se mais propenso à formação de coágulos e a nicotina também enrijece as artérias que irrigam o cérebro. A mensagem é clara: mulheres que fumam não devem tomar pílula. Quantas sabem disso? Fumar contribui para um a cada cinco derrames nos Estados Unidos, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC). Aqui, o depoimento em vídeo de uma fumante que sofreu um derrame.
ENXAQUECA
É três vezes mais comum nas mulheres. É um fator de risco para o AVC, principalmente quando ocorrem dormência e sintomas visuais (chamados de “aura”). Quando a paciente apresenta vários fatores de risco, a situação é ainda mais preocupante. Nas mulheres que têm enxaqueca, fumam e tomam pílula, o risco de AVC é 22 vezes mais elevado. Clique aquipara ler mais.