EMPRESÁRIA AJUDA CERAMISTAS DO JEQUITINHONHA
Maya Santana
Se houvesse no Brasil mais pessoas com a disposição e a boa vontade da carioca Mana Pontes, 58, certamente o país estaria em outro estágio de desenvolvimento. Artista plástica, produtora cultural e empresária, que trabalha com comunidades artesãs, Mana está empenhada no momento em realizar com sucesso o belo projeto Caminho da Terra, com ceramistas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, uma das regiões mais carentes do país.
Depois de visitar durante dois anos núcleos de arte popular pelo país afora, a artista plástica, com formação na Itália – “Accademia di Bella Arte di Roma” -, deparou, em Minas, no alto do Jequitinhonha, a 548 km de Belo Horizonte, com a Associação dos Artesãos de Minas Novas, cujo sustento é retirado das peças de barro – traço forte da cultura da região, hoje, um polo importante de artesanato. As integrantes da Associação são mulheres da área rural, que cuidam da casa e trabalham plantando milho, feijão, etc, durante o dia. À tardinha é que vão se dedicar ao artesanato.
Encantada com o trabalho destas mulheres e vendo as dificuldades que enfrentam para produzir e comercializar as peças, Mana procurou a ong Cies – Centro Integrado de Desenvolvimento Social – para uma parceria com a Multi Arte Brasil, onde trabalha, com o objetivo de elaborar o projeto. Submeteu-o à Caixa Econômica Federal e conseguiu financiamento para melhorar as condições de trabalho dos artistas ligados à Associação.
Juntamente com a sua equipe, que inclui a socióloga Alayde Mariani, os cineastas Pedro Pontes e Maria Paranagua, também é educadora, o fotógrafo Felipe Costa e o designer Zeca Pontes , Mana está executando o projeto, que prevê entre outras ações:
Construção de um forno coletivo na sede da Associação; instalação de um computador e uma impressora no local; Melhoria no espaço de trabalho individual equipando com mobiliário adequado; Levar noções de sustentabilidade na utilização da matéria prima e do manejo; Criação de um site para a divulgação e venda dos produtos; e proposta de novos produtos para comercialização.
O que o projeto capitaneado por Mana propõe é fortalecer a atividade artesanal naquela comunidade, através da produção coletiva. Assim, serão criados laços entre os artesãos facilitando as trocas de conhecimento nos encontros e oficinas, sobretudo entre as mulheres mais velhas e as jovens, de forma a perpetuar e, ao mesmo tempo, renovar a tradição ceramista local. O projeto, em suas várias etapas, será todo documentado, para a posterior produção de um documentário sobre a experiência.
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