Acessibilidade em São Paulo: adaptações são discriminatórias, afirma especialista
Arquiteta Karen Lima Biz e Deputada Mara Gabrilli apontam problemas da cidade para receber pessoas com deficiência na Copa do Mundo.
Publicada em 06 de fevereiro de 2014 - 14:30
São Paulo ainda está longe de tornar-se uma cidade acessível a deficientes ou pessoas com mobilidade reduzida e garantir a esse público a total inclusão na sociedade. Pelo menos é essa a opinião das especialistas no assunto Mara Gabrilli, deputada federal pelo PSDB/SP, e Karen Lima Biz, arquiteta do escritório Diretório da Arquitetura. Em conversa com o Yahoo Esporte Interativo, elas explicaram por que a capital paulista tem tantos problemas no tocante à acessibilidade.
Segundo a deputada Mara Gabrilli, São Paulo não está pronta para sediar uma Copa do Mundo e promover o total acesso de torcedores e moradores deficientes físicos porque o transporte e a infraestrutura urbana ainda são muito precários. Ela, que ficou tetraplégica após sofrer um acidente, foi vereadora, esteve à frente da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida na Prefeitura de São Paulo entre 2005 e 2007 e conhece bem as carências da cidade. "Somente 500 dos 35 mil quilômetros de calçadas são acessíveis e apenas 70% do transporte público tem acessibilidade. Muita gente vai ficar sem condição de ir e vir", prevê a deputada.
Gabrilli afirma que, no período em que foi secretária da pessoa com deficiência, o número de ônibus acessíveis na cidade cresceu de 300 para 3 mil. Ela lamenta que as gestões posteriores diminuíram o ritmo de ação, motivo pelo qual São Paulo ainda não conta com uma frota 100% acessível. Ainda assim, comemora o fato da acessibilidade fazer parte da agenda da Prefeitura atualmente.
A arquiteta Karen Lima Biz defende que os projetos de acessibilidade devem ir além das adaptações, pois estas não deixam de ser discriminatórias. O ideal, para ela, é que o desenho seja destinado a todas as pessoas. "O desenho universal é um meio que proporciona a concretização da inclusão, fortalecendo a aceitação das diferenças individuais e da valorização da diversidade humana, além de proporcionar a equiparação de oportunidades, com igualdade no meio físico e cultural", explica Karen.
Muito além da cadeira de rodas
A deputada faz questão de lembrar que pessoa com deficiência não é sinônimo de cadeirante. "As pessoas surdas ainda são muito excluídas dentro dos programas da cidade, porque pouquíssimos espaços estão preparados para atender a esse público. Temos hoje a Central de Libras, que foi um projeto de lei meu enquanto vereadora, mas que ainda não contempla a cidade inteira e não tem a qualidade necessária para resolver o problema da comunicação dos surdos", explica. Quanto aos deficientes visuais, Gabrilli critica a falta de sinalização e de formas de comunicação especiais, como aviso sonoro nos ônibus ou calçadas com piso podo tátil.
Já Karen destaca que a mobilidade reduzida não precisa necessariamente ser uma condição permanente e que todos estão sujeitos a isso. "A acessibilidade é pensada apenas em que tem deficiência permanente, mas ela deve ser garantida a todos que tenham alguma restrição de mobilidade, como uma mãe com carrinho de bebê, uma pessoa que se acidentou e momentaneamente encontra-se de muletas ou cadeira de rodas etc."
Descaso e Conscientização
As duas entrevistadas comemoram o surgimento de leis e normas que exigem ambientes acessíveis às pessoas com deficiência. A arquiteta, porém, chama a atenção para uma grave consequência: "apesar de se seguir leis e normas que estabelecem diretrizes para garantir a acessibilidade, a preocupação se restringe ao cumprimento da lei, e o que vai além dela é ignorado". Decorrem desta situação as adaptações mal feitas e o desrespeito às vagas de estacionamento reservadas a deficientes, por exemplo.
A conversa com Mara Gabrilli também é encerrada com uma constatação negativa. Ao pedir que aponte em quais áreas São Paulo ainda precisa avançar para que se torne uma cidade acessível às pessoas com deficiência, ela é taxativa: em todas. "Na educação, na saúde (em que o atendimento é praticamente miserável), no transporte, no esporte, na cultura, na assistência social, no trabalho, na infraestrutura", listou a parlamentar. São Paulo é uma cidade deficiente e ainda tem um longo caminho a percorrer em busca das condições ideais de acessibilidade.
Poder Público
Por meio de sua assessoria de imprensa, aSecretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED)informou que, até junho deste ano, está prevista a reforma de 90 mil m² de passeios públicos nas chamadas rotas acessíveis, que incluem pontos turísticos e o acesso à Arena São Paulo. Foi articulado, junto ao Ministério do Turismo, o repasse de R$ 20 milhões para esta obra. Além disso, a SMPED está em tratativas junto à Secretaria de Transportes para utilização do Serviço Atende e de táxis acessíveis no transporte de passageiros com deficiência durante a Copa do Mundo.
Por fim, a SMPED também atua na formação de voluntários para atender ao público que apresenta deficiência física durante a Copa do Mundo, trabalha para facilitar a participação de candidatos com deficiência na seleção dos voluntários e irá inaugurar, até a Copa do Mundo, a Central de Interpretação de Libras - CIL, cujo objetivo é garantir o atendimento de qualidade às pessoas com deficiência auditiva.
Segundo a deputada Mara Gabrilli, São Paulo não está pronta para sediar uma Copa do Mundo e promover o total acesso de torcedores e moradores deficientes físicos porque o transporte e a infraestrutura urbana ainda são muito precários. Ela, que ficou tetraplégica após sofrer um acidente, foi vereadora, esteve à frente da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida na Prefeitura de São Paulo entre 2005 e 2007 e conhece bem as carências da cidade. "Somente 500 dos 35 mil quilômetros de calçadas são acessíveis e apenas 70% do transporte público tem acessibilidade. Muita gente vai ficar sem condição de ir e vir", prevê a deputada.
Gabrilli afirma que, no período em que foi secretária da pessoa com deficiência, o número de ônibus acessíveis na cidade cresceu de 300 para 3 mil. Ela lamenta que as gestões posteriores diminuíram o ritmo de ação, motivo pelo qual São Paulo ainda não conta com uma frota 100% acessível. Ainda assim, comemora o fato da acessibilidade fazer parte da agenda da Prefeitura atualmente.
A arquiteta Karen Lima Biz defende que os projetos de acessibilidade devem ir além das adaptações, pois estas não deixam de ser discriminatórias. O ideal, para ela, é que o desenho seja destinado a todas as pessoas. "O desenho universal é um meio que proporciona a concretização da inclusão, fortalecendo a aceitação das diferenças individuais e da valorização da diversidade humana, além de proporcionar a equiparação de oportunidades, com igualdade no meio físico e cultural", explica Karen.
Muito além da cadeira de rodas
A deputada faz questão de lembrar que pessoa com deficiência não é sinônimo de cadeirante. "As pessoas surdas ainda são muito excluídas dentro dos programas da cidade, porque pouquíssimos espaços estão preparados para atender a esse público. Temos hoje a Central de Libras, que foi um projeto de lei meu enquanto vereadora, mas que ainda não contempla a cidade inteira e não tem a qualidade necessária para resolver o problema da comunicação dos surdos", explica. Quanto aos deficientes visuais, Gabrilli critica a falta de sinalização e de formas de comunicação especiais, como aviso sonoro nos ônibus ou calçadas com piso podo tátil.
Já Karen destaca que a mobilidade reduzida não precisa necessariamente ser uma condição permanente e que todos estão sujeitos a isso. "A acessibilidade é pensada apenas em que tem deficiência permanente, mas ela deve ser garantida a todos que tenham alguma restrição de mobilidade, como uma mãe com carrinho de bebê, uma pessoa que se acidentou e momentaneamente encontra-se de muletas ou cadeira de rodas etc."
Descaso e Conscientização
As duas entrevistadas comemoram o surgimento de leis e normas que exigem ambientes acessíveis às pessoas com deficiência. A arquiteta, porém, chama a atenção para uma grave consequência: "apesar de se seguir leis e normas que estabelecem diretrizes para garantir a acessibilidade, a preocupação se restringe ao cumprimento da lei, e o que vai além dela é ignorado". Decorrem desta situação as adaptações mal feitas e o desrespeito às vagas de estacionamento reservadas a deficientes, por exemplo.
A conversa com Mara Gabrilli também é encerrada com uma constatação negativa. Ao pedir que aponte em quais áreas São Paulo ainda precisa avançar para que se torne uma cidade acessível às pessoas com deficiência, ela é taxativa: em todas. "Na educação, na saúde (em que o atendimento é praticamente miserável), no transporte, no esporte, na cultura, na assistência social, no trabalho, na infraestrutura", listou a parlamentar. São Paulo é uma cidade deficiente e ainda tem um longo caminho a percorrer em busca das condições ideais de acessibilidade.
Poder Público
Por meio de sua assessoria de imprensa, aSecretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED)informou que, até junho deste ano, está prevista a reforma de 90 mil m² de passeios públicos nas chamadas rotas acessíveis, que incluem pontos turísticos e o acesso à Arena São Paulo. Foi articulado, junto ao Ministério do Turismo, o repasse de R$ 20 milhões para esta obra. Além disso, a SMPED está em tratativas junto à Secretaria de Transportes para utilização do Serviço Atende e de táxis acessíveis no transporte de passageiros com deficiência durante a Copa do Mundo.
Por fim, a SMPED também atua na formação de voluntários para atender ao público que apresenta deficiência física durante a Copa do Mundo, trabalha para facilitar a participação de candidatos com deficiência na seleção dos voluntários e irá inaugurar, até a Copa do Mundo, a Central de Interpretação de Libras - CIL, cujo objetivo é garantir o atendimento de qualidade às pessoas com deficiência auditiva.
Fonte: Esporte Interativo
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