UM NATAL FUMEGANTE
Sou Regina e esta história é do tempo em
que meus quatro filhos iniciavam a adolescência. O Natal de todos familiares e
amigos era comemorado lá em
casa. Encomendei um pinheiro natural, bem grande, que tocasse
o teto da sala. Tinha loja de presentes e decoração, de dias mais agitados, e
carga horária maior quanto mais próxima a data. Deixei a tarefa de enfeitar a árvore
para minhas duas meninas. Na hora da festa, as pessoas foram chegando e colocando
seus presentes embaixo da grande árvore, numa bonita e colorida confusão de
pacotes e etiquetas. Clima de mais um ano vivido – uma pausa vital, lembrando
queridos que se foram, queridos presentes e novos queridos recém-chegados (nestes
dias não se fala dos menos queridos). Na hora de começarmos a distribuição dos
presentes o orgulho das meninas era visível. Acendemos todas as velinhas que
elas haviam colocado com muita paciência nos galhos, sempre voltadas para cima,
para queimarem até o fim. Nestes tempos ainda não tinham inventado luzinhas de
pisca-pisca. Vários convidados ajudavam na tarefa. De repente havia fogo na
arvore, subindo rapidamente para o teto de gesso, que ia se desfazendo em
pedaços, caindo e distribuindo as chamas nas bolas de isopor cobertas de fios
coloridos de seda, que iam se liquefazendo e perfurando as caixas de presentes
e todos os sonhos que estavam dentro. Trouxeram a mangueira de água para
dentro, mas a única solução foi tombar a árvore e usar a força masculina
disponível para colocar para fora o ex-astro da festa. Depois de rirmos muito,
aliviados, fizemos uma oração de agradecimento e fomos cear. Em todos nossos
Natais a história é relembrada com risadas e contada para quem está chegando. “Seja imprudente porque, quando se anda
em linha reta, não há histórias para contar.”
Caso Real, Elizabeth
Fritzsons da silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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