UM NATAL CHEIO DE SIGNIFICADOS
Sou Lurdes, tenho 68 anos, cinco filhos e três netinhos. Meu primeiro
Natal depois de casada foi diferente. Filha de pais de origem cabocla e
portuguesa casei com um filho de suíços. Não houve nenhum choque cultural, e sim
um encantamento com suas tradições. Todos da família gostavam muitíssimo do
Natal. Os preparativos começavam dois meses antes, com ensaios todos os fins de
semana, das músicas que cantaríamos na festa. Participavam adultos e crianças.
Era esperado que usássemos roupas novas, no grande dia. Todos os presentes
seriam guardados na casa de minha sogra, e o critério para a escolha era ser
algo bom e necessário, e não os pedidos feitos – sempre surpresas!Dias antes as
mulheres da família se reuniam para preparar bolachas natalinas, liberadas para
o consumo só no grande dia, sempre feitas somente no Natal! Sempre celebramos
assim, sem interrupções, mesmo que acontecessem falecimentos de familiares em
data próxima – eles nos pediam para não deixarmos de comemorar, mesmo que
pressentissem o fim de seu ciclo vital. A alegria do nascimento de Jesus,
celebrada todos os anos como a vida ressurgindo forte, ajudava a equacionar a
inevitável saudade. O presépio era montado com esmero, quatro semanas antes, o
surgimento do menino Jesus só acontecia pelas mãos de uma das crianças mais
novinhas da família, finalmente colocado em seu bercinho de palha, à meia noite
em ponto, com velas acesas, seguido de grande oração de agradecimento feita por
todos ao mesmo tempo. A casa ficava intensamente perfumada pelos alimentos da
ceia, os presentes eram distribuídos, todos saboreavam o momento, até muito
tarde, ao redor de grande mesa, com gostosas conversas.
“Honrarei o Natal em meu coração e
tentarei conservá-lo durante todo o ano.” – Charles Dickens. – Caso real,
Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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