terça-feira, 12 de junho de 2012

Namoro sem olho no olho : CASO REAL


    Cega já na incubadora, fui protegida por pais amorosos e preocupados, em cidade sem recursos para deficientes visuais.
No Centro de Prevenção à Cegueira aprendi a usar as mãos, a cozinhar, a andar com a bengala branca nas ruas e disparei a falar de tudo para todos, como a boneca Emília, do Sitio do Pica-Pau Amarelo – defendo os direitos com garra e delicadeza.



Benedito chegou ao CPC machucado pela sua visão falhando (diabetes), e por antiga relação afetiva não transparente. Não sabia, mas eu também estava machucada pelo fim de relação com outro deficiente visual do grupo, me faltou maturidade.
Pedidos de namoro aconteceram depois de seis meses. Falou de minha voz suave oferecendo água, café ou ajuda, Eu já era “da casa”. Um dia respondi com um beijo de sim!Hoje moramos juntos, dividindo todo trabalho da casa. Ele revitalizou minha vida, tinha medo de sair de casa, de voltar a estudar, de voltar a me apaixonar.



Fiz Benedito perceber o valor e a importância de alimentação sadia e de caminhar muito, conseguimos ótimas mudanças na diabete. Quando queria um lanche, eu pedia arroz-feijão. Benedito, parceiro mudava o cardápio. Sedução feminina do bem!



Hoje temos “rodinhas nos pés”, participamos de grupo terapêutico, aprendemos dança de salão, fazemos ioga, informática adaptada, Braille, já fizemos teatro, vamos à escola à noite (CEEJA), sou a representante do município da pessoa com deficiência visual, e Benedito meu suplente na Comissão Permanente de Acessibilidade, da Prefeitura Municipal e freqüentamos as reuniões da Fraternidade Crista de Deficientes em Santa Bárbara do Oeste. Matemática Divina – quando Deus soma duas infelicidades, pode conseguir uma só grande felicidade!



 Escrito por Elizabeth Fritzsons da Silva, Psicóloga-Diretora/UADPD.
  

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