terça-feira, 19 de junho de 2012

Cães são contagiados pelos bocejos dos humanos

Os cães são contagiados pelo bocejo dos humanos, em especial o do seu dono, concluiu um estudo de uma investigadora portuguesa do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. Esta característica, que pode refletir empatia, tem potencial para contribuir para a seleção destes animais no apoio às pessoas em determinadas situações.



Joana Bessa partiu de estudos já realizados sobre o bocejar contagiante, mas que tinham obtido resultados divergentes, e tentou encontrar provas de que os cães podiam "apanhar" os bocejos humanos. Com a colaboração de duas outras investigadoras, Karine Silva e Liliana de Sousa, a cientista conseguiu "resultados positivos" que permitiram atestar a existência de contágio por parte dos cães e também de uma "modelação social".

"Tentámos replicar os estudos para perceber se encontrávamos provas de que os cães podiam apanhar os bocejares dos humanos, mas tentámos também perceber se havia influência da empatia", contou Joana Bessa à agência Lusa.

As investigadoras constataram que "os cães bocejavam mais quando ouviam o bocejar de pessoas conhecidas, dos donos, face a pessoas desconhecidas", colocando-se a "hipótese de que poderão ter alguma empatia relativamente aos humanos".

A cientista acredita que o longo processo de domesticação dos cães poderá fazer com que tenham uma ligação mais próxima com os humanos, tendo igualmente influência nesta capacidade empática.

O estudo envolveu 29 cães, que foram expostos, em sessões separadas durante sete dias, a sons de bocejos dos donos, de uma pessoa desconhecida e a um som de controlo - ou seja, artificial - sem existir em nenhum momento qualquer contacto visual, de forma a afastar a possibilidade de uma simples imitação do gesto que viam na pessoa.

Segundo a investigadora, se for possível provar, em futuros estudos, determinadas caraterísticas dos cães, como a personalidade ou a existência de relação com a empatia, estes poderão tornar-se meios para escolher animais mais adaptados a diferentes situações como é o caso, por exemplo, dos cães de ajuda. Além disso, adiantou Joana Bessa, essa informação poderia também "ser aplicada a várias espécies".

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