Meu nome é Carol. Aos cinco anos tive diagnostico hipotireoidismo, herança de família, meu pai também teve. Na época era muito difícil andar, impossível correr a obesidade decorrente da doença me incomodava muito.
O tratamento foi iniciado, mas a família já sabia que estávamos entrando no campo das doenças autoimunes. Aos dez anos comecei a sentir muita fome e sede. Em três meses emagreci treze quilos.
O medico não queria fazer o exame de glicemia, minha mãe insistiu com firmeza, e foi confirmada diabetes tipo I. mais uma doença autoimune. Espero que pare por ai. Por três anos fiz dieta e me controlava, não comia doces, via minhas amiguinhas comendo, desejava muito e chorava escondida em casa, muito também.
Daí uma medica ensinou contagem de carboidratos, voltei à comer um pouco de doces. Não sei se foi bom, porque quando você consome, volta a memória do gosto, e a gente não quer mais parar. Uso insulina em três dozes diárias. Tenho vinte e um anos. Precisaria mesurar o nível de glicose três ou quatro vezes por dia. Nem sempre controlo a glicose. Ter diabetes sempre me revoltou – poderia passear ou me aventurar como qualquer jovem?
Momento de diversão
Também sempre me assustou o campo da auto imunidade exacerbada pode gerar doenças à mais como lúpus eritematoso, leucemia, vitiligo. Minha chance de desenvolver qualquer uma delas é maior.
Mas nada disto me impede de fazer meu curso universitário (Administração de Empresas)
Turma da Faculdade
De trabalhar como estagiaria em empresa publica, de comprar e dirigir minha moto, de pagar integralmente minha faculdade trabalhando todos os fins de semana em escola publica (Programa Estadual Escola da Família), de fazer caminhadas diárias com meus pais (ainda menos do que preciso) e de namorar (há quatro anos e meio, o mesmo querido moço).
Ele me ajuda a me auto vigiar, sempre me lembrando de meus limites, pois a ultrapassagem da linha de segurança pode custar problemas renais, ou em meus olhos, ou de circulação sanguínea insuficiente em meus braços ou pernas ou até um acidente vascular cerebral.
Precisei de ajuda psicológica para entender que era uma fantasia minha imaginar que todas as pessoas tinham dó de mim, de forma automática, por causa de minha diabete.
Descobri que não precisava sentir vergonha por ser diabética, é questão de loteria genética, não tive conduta descuidada que provocasse a doença. Estou tentando aprender que primeiro vem “Eu preciso”, e depois “Eu gosto” (se possível). Vale para minha alimentação. Ou para a de todos nós? Ou para tudo na vida? “A inteligência é uma espécie de paladar que nos dá a capacidade de saborear ideias” – Susan Sontag.
Caso Real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga e diretora da Unidade de Atenção aos Direitos da Pessoa com Deficiencia, colaboradora do “O Liberal”.
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