Sou Jaqueline, com dezesseis anos.
Em 2007 meu endereço eletrônico registrava a palavra “fofa”. Ser “gordinha”,um sofrimento. Passei a evitar perceber minha fome e também situações sociais com alimento. Dormia para não comer. Dizia que não estava com fome, que tinha me alimentado na escola.
Meu cabelo começou a cair muito. Estava fraca, estava emagrecendo. Meus pais pensaram em anorexia. Eu estava provando a um colega desinformado, que me chamava de gorda perante a classe, que poderia mudar. A qualquer preço? Minha vista ficou turva, sem nenhum aviso prévio. O oftalmologista suspeitou de toxoplasmose, eu tinha casal de gatos.
O teste deu negativo. Depois de alguns médicos chegamos ao diagnóstico de esclerose múltipla, avaliaram meu liquor espinhal. Tem cura? Até agora não. Perguntei a meu médico qual a origem desta doença, e brincando carinhosamente pediu para lhe contar quando eu descobrisse. É reação auto-imune do organismo. Injeções dolorosas, dia sim, dia não, a vida toda (SUS). Não poderia pagar. A maioria surge em adultos jovens, se aconteceu dificuldade visual há melhores perspectivas do que quem apresentou dificuldades de coordenação motora dos membros.
Exercícios sempre, Fisioterapia ou Hidroterapia, para não perder a força dos membros inferiores. A doença pode ter forma progressiva ou surtos periódicos imprevisíveis, durando uma semana. Fico muito cansada, deitada com dor, esperando a tempestade passar. Preciso muito do apoio familiar (e tenho!). Preciso manter meu peso estável, dieta equilibrada, controlando qualquer estresse físico ou emocional. Isso pode reduzir até 85% dos surtos.
Caso contrário corro riscos: tremor involuntário de braços e pernas, inflamações oculares ou mudanças da movimentação dos olhos, dificuldades na fala, na sexualidade, de controle urinário, de memória e possível depressão. Minha luta: qualidade de vida, em todos os sentidos. “A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem para em qualquer topada.” – Bob Marley.
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