Dividir usuários segundo grupos de risco, dar incentivos econômicos aos clientes para que eles cuidem melhor da sua saúde ou diminuir o luxo das acomodações hospitalares em alguns hospitais. Essas são algumas medidas já implementadas em outros países para desafogar o sistema de saúde suplementar que poderiam ser testadas noBrasil, defendem Drauzio Varella e Maurício Ceschin no livro A Saúde dos Planos de Saúde, que será lançado nesta segunda-feira, 24.
A reportagem é de Catia Luz e Fabiana Cambricoli, publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, 23-11-2014.
Uma das principais ideias internacionais apresentadas na publicação é não dividir os usuários de planos de saúdeapenas pela faixa etária e pela demanda espontânea por serviços assistenciais, mas pelo chamado perfil de risco populacional. Esse modelo foi proposto pelo especialista em gestão de saúde Rafael Bengoa para o País Basco, naEspanha.
Nesse caso, a população sem doenças crônicas receberia orientações para a promoção da saúde e a prevenção de doenças, considerando hábitos, antecedentes e idade. Já os portadores de problemas crônicos teriam, além de orientações e acompanhamento, uma educação continuada de como controlar a doença. A fórmula, defendem os autores do livro, ajudaria o plano a se antecipar à ocorrência de doenças e às complicações de problemas crônicos, o que traria benefícios para a saúde do consumidor e diminuiria os custos da operadora.
Desconto
Outra opção é atrelar incentivo econômico às campanhas de prevenção, oferecendo descontos na mensalidade para clientes que demonstrarem cuidar da sua saúde.
A redução no preço do plano seria dada, por exemplo, a quem não fuma, mas pratica exercícios físicos e controla níveis de glicemia e colesterol.
Para demonstrar a eficácia dos incentivos econômicos, os autores citam um estudo feito nos Estados Unidos. Uma empresa pagou US$ 750 aos funcionários que deixassem de fumar. Na pesquisa, publicada no The New England Journal of Medicine, os funcionários eram submetidos periodicamente a exames de urina para verificar a presença de nicotina. Os que passaram um ano sem a substância receberam o dinheiro. A adesão foi de 60% dos fumantes, enquanto nos programas de combate ao tabaco tradicionais a taxa de sucesso é de até 18%.
Por fim, Varella e Ceschin ressaltam que em nenhum país do mundo há a cultura de planos oferecerem internação em quartos individuais, como no Brasil. Nos países desenvolvidos, como EUA e Suécia, dizem eles, mesmo nos planos mais caros, os doentes são internados em enfermarias coletivas, com até seis pacientes. A medida reduz custos e torna o sistema mais sustentável.
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