quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

DEPOIMENTO - Caso real

Você quer pedir para o Papai Noel?


   Minha mãe sugeria que pedisse uma nova copinha ao Papai Noel. Daríamos a minha para outra criança. Eu concordava  e no dia de Natal surgiam um guarda-comida, mesa e cadeirinhas em novas cores e decalques, a caminha da boneca acompanhando, com nova colcha! Aconteceu em muitos Natais, e eu não percebia que era ela que reformava os antigos brinquedos, trabalhando à noite, enquanto as crianças dormiam. Fazia também a roupa de Papai-Noel de meu pai. Papai saía pela porta da frente, e entrava de Papai Noel pela porta da cozinha. Nunca conversava, só dava aquela risadas de ho-ho. Na minha alegria e ansiedade eu lamentava que papai nunca tivesse a sorte de estar presente nesta hora.
   Mamãe era costureira profissional, e fazia vestidos lindos para os bailes da época, íamos e voltávamos a pé, a família toda e nossos amigos, cantando e conversando.
   Ambos me permitiram uma infância também moleca, com direito a muita fruta apanhada no pé e caprichados carrinhos de rolimã.
   Conheci meu futuro marido em um baile de carnaval, e quando um de meus irmãos quis interferir, mamãe defendeu com firmeza meu direito de escolha.







   Perdi meu pai pouco antes de casar Convivi intensamente com esta mãe, enquanto construía meu casamento, criava meus filhos e exercia meu ofício de professora. Hoje tenho 66 anos, sou Gladys, já abençoada com netos.
   Quando mamãe tinha 84 anos surgiu um câncer e eu fui sua enfermeira-companheira até seu falecimento, dez anos depois.
   A natural depressão que senti só foi aliviada quando escrevi um pequeno livro, detalhando todas as raízes da família, com sua fotos e fatos.

“O amor não conhece sua própria intensidade até a hora da separação”. – Khalil Gibran

Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga. e-mail:bfritzsons@gmail.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oferecemos arquivo de textos específicos, de documentos, leis, informativos, notícias, cursos de nossa região (Americana), além de publicarmos entrevistas feitas para sensibilizar e divulgar suas ações eficientes em sua realidade. Também disponibilizamos os textos pesquisados para informar/prevenir sobre crescente qualidade de vida. Buscamos evidenciar assim pessoas que podem ser eficientes, mesmo que diferentes ou com algum tipo de mobilidade reduzida e/ou deficiência, procurando informar cada vez mais todos para incluírem todos.