Dias de 30 anos, dias de 90
anos
De verdade tenho 73 anos, meu nome é
Tereza. Gosto de casa cheia, no Natal, nos aniversários. Ela é grande, com um
quintal também grande, em que armamos uma piscininha que é a alegria da
criançada. Capricho na comida, mas é
difícil para filhos, noras, netos e bisnetos perceberem que também posso ficar
cansada, enjoada, ou estar num dia de menor disposição.
Sou informada – “Vou almoçar ai”! Não
consigo explicar que nesta idade a energia pode variar. Há dias em que me sinto
mais jovem , e dias em que me sinto velhíssima, sem vontade de nada. Como explicar sem magoar? Não
quero afastá-los, então vou levando.
Procuro compensar esta agradável demanda
criando um espaço meu – freqüento grupo de terceira idade, em que fazemos
orações e jogamos bingo, faço hidroginástica vou a excursões.
Tenho quatro filhos de meu segundo
casamento, oito netos e três bisnetos.
Em meu primeiro casamento tive a felicidade
de adotar, aos vinte e sete anos, um menino que Deus pôs em meu caminho, uma
jóia boa. Meu marido amava esta criança. Ficou conosco até vinte e nove anos,
um acidente o levou embora. Acidente vascular cerebral levou este marido
também.
Meus pais moravam em sítio, eu precisava
ajudar na lavoura e queria muito estudar. Criança, como poderia enfrentar o
pensamento de que filha mulher não precisa saber ler ou escrever, é coisa de
rico, é só para poder namorar... Este fato me deixa com uma espécie de revolta com
esta peça do destino. E se eu pudesse ter estudado como teria sido minha vida?
Ainda hoje existem pais que pensam assim.
Empobrecem a vida de todos.
“Cada idade tem sua beleza e
esta beleza deve sempre ser uma liberdade” – Robert Brasillach
Caso real, Elizabeth
Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário