No cardápio do pós-carreira, você é quem faz a escolha |
Não subestime a sua competência, a sua capacidade de fazer acontecer, de fazer a diferença e de ser o protagonista da sua própria vida |
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Por: Julio Sergio Cardozo |
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Consultor de carreiras e gestão de negócios, conferencista, professor livre-docente, autor de livros e artigos e blogueiro do R7 Fala Brasil (TV Record) é colunista convidado do Portal Terceira Idade |
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Se você ainda está em dúvida, é bem possível que tenha nascido para ser empregado. Quem nasceu para ser dono, não tem dúvidas, só certezas”.
A frase, de autoria do conhecido consultor de carreiras Max Gehringer– por quem tenho uma grande admiração –, consegue, de forma simples, ir ao cerne da questão e exprimir o verdadeiro sentido de umempreendedor nato.
E é sobre essa questão que quero chamar a sua atenção. Não adianta “chover no molhado” ou achar que se tornar dono do próprio negócio é a última (ou única) alternativa que lhe resta no momento de sair de cena – por ter sido demitido aos 50 e enfrenta grandes dificuldades para arranjar outro emprego, ou porque decidiu “pendurar as chuteiras”.
Você pode ter deixado de ser o centro dos holofotes como executivo, mas, certamente, os holofotes o acompanharão em outra direção. Não subestime a sua competência, a sua capacidade de fazer acontecer; de fazer a diferença, de ser o protagonista da sua própria vida. Pense nas inúmeras portas que podem ser abertas, além de empreender, como falamos no artigo anterior. Você é o guardião das chaves que abrirão essas portas.
Conheço vários executivos que ainda estão na ativa e que decidiram comprar o alvará de um ponto de rádio táxi (daqueles que ficam nos aeroportos), com três finalidades:
1. Ter motorista particular sem chamar a atenção (levando-os ao trabalho, às reuniões, almoços de negócios, seus filhos à escola, para fazer compras, etc.);
2. Para se divertir, dirigindo eles mesmos seu novo "brinquedinho" aos domingos e feriados e, às vezes, após o expediente, quando estão muito estressados;
3. Ter uma alternativa para o pós-carreira; como taxista.
Da mesma forma que conheci dois executivos portugueses na faixa dos 60 anos, que optaram por aproveitar o tempo livre que conquistaram com a aposentadoria de uma forma bem prosaica. Ambos encontram-se ao entardecer, religiosamente, de segunda a sexta-feira, no Piccadilly Bar, na cidade do Estoril, para sorver uma taça de Porto seco, 20 anos, servido pela jovem Jane, originária de Lobito, Angola.
Sempre sorridente, Jane, garçonete que, nos seus 22 anos, fala cinco idiomas ocidentais e o dialeto de sua aldeia, me disse: “Ah, esses dois cavalheiros costumam vir sempre aqui, faça chuva, faça sol; para tomar sua bebidinha, uma ‘bica' (xícara) de café expresso, fumar charuto e jogar conversa fiada sobre automóveis”. Detalhe: um deles tem um Porsche Carrera e o outro um Audi A4, ambos conversíveis. Fazem isso há mais de dez anos. Não é um luxo?
As histórias acima mostram bem que há caminhos para todos os gostos e ambições. E ainda há muitas outras coisas para fazer. Nem sempre buscar a alternativa mais óbvia pode ser sinônimo de sucesso. Da mesma maneira que procurar soluções inusitadas. Não existem fórmulas prontas; cada um deve encontrar aquilo que é viável para si; compatível com as suas possibilidades e seus sonhos.
Tem sido muito frequente a opção pela carreira de consultor, em que se usa toda a experiência adquirida para contribuir com melhorias de performances, resoluções de problemas específicos e outros aspectos da vida das empresas. Aqui, volto ao ponto inicial do artigo: será que você realmente está preparado para a carreira solo? Dar palpite no negócio alheio sem colocar em risco seu dinheiro?
O mesmo se aplica à escolha de dar aulas. Com a proliferação dos cursos de MBA, virou moda entre os executivos sem emprego, mas com experiência, ganhar o pão de cada dia como professor, mesmo sem a necessária titulação acadêmica (são os conhecidos "profissionais professores", em contraponto aos "professores profissionais").
Quer mais opções? Você pode escrever um livro, atuar em ONGs, criar blogs, cuidar dos netos, escalar aquela montanha que sempre sonhou, participar de conselhos (mas, por favor, não ocupe mais do que três assentos em boards), comprar uma Harley-Davidson e se filiar a um clube de motociclistas veteranos, ou até fazer aquele cruzeiro tão desejado pelos sete mares.
Falta espaço nesse artigo para elencar a infinidade de opções. Se você tem saúde e disposição, a mensagem é: a bola está nos seus pés; agora só resta dar aquela paradinha, chutar para o gol e correr para o abraço da galera! |
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