DO CAOS NASCEM AS ESTRELAS!
Tenho baixa visão, uso uma lupa
de aumento em minha tela de computador. Meu nome é Geovany, tenho 21 anos, e
foi aos 11 que desenvolvi esta dificuldade, recebendo tratamento inadequado
durante um ano para meningite viral quando estava com leucemia linfoblástica
aguda. Fui informado de que a pressão intracraniana afetou a minha competência
visual, mas sem dúvida existem ainda outras seqüelas desta luta pela vida –
foram dezoito sessões de radioterapia e muitas sessões de quimioterapia durante
três longos anos. Sobreviver nesta idade, de doença tão grave traz certa
imobilidade, como se você tentasse ficar quieto até a tempestade passar. Lembro
que por mais dor que sentisse, não chorava ou reclamava, ficava na minha. Pude
retornar à escola, meu raciocínio continuou afiado, mas surgiu inibição, uma
coragem diminuída, certo medo de enfrentar emoções, uma sensação de
fragilidade, levando ao contrário do que moços gostam de fazer – testar seus
limites! Consegui me matricular em curso de informática para deficientes
visuais, no SENAI. Não freqüentei com plena regularidade. Eu não era assim
antes. Até conviver com meus novos companheiros de deficiência era
desconfortável – eu podia prever possíveis futuras dificuldades. Terminei o secundário,
surgiu oferta de trabalho – ser “back office” de uma empresa bastante inclusiva,
com a devida adaptação do computador..Eu queria muito, mas tinha muitíssimo
medo de não dar conta do recado.Conversei com psicóloga-amiga que me ajudou a
equacionar o desafio. Fui e foi bom! Estou amando a liberdade de trabalhar, a
leveza das relações, todos me ajudam e brincam comigo. Sempre sonhei fazer
Direito, agora sonho fazer Psicologia!
“Não devemos ter medo dos confrontos. Até os planetas se
chocam e do caos nascem as estrelas.” – Charles Chaplin.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:
bfritzsons@gmail.com
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