sexta-feira, 4 de outubro de 2013

"É uma missão, não é uma cruz"- Caso real (Autismo)

“É UMA MISSÃO, NÃO É UMA CRUZ.”


  Várias vezes fui chamado em meu trabalho para ir para casa ou para o “Tempo de Viver’, nosso local de atendimento para pessoas autistas. Meu Lucas estava em fúria, apesar da constante medicação, quebrando tudo o que pudesse .Eu segurava seus dois braços, em um abraço carinhoso, tentando transmitir calma. Era a única pessoa que conseguia. Foram muitos anos assim. Meus olhos se enchem de lágrimas todas as vezes em que conto para alguém a  única palavra que Lucas aprendeu a pronunciar – “Papi”. Sou Eliseu Acácio, de 38 anos, divorciado, ajudante de obras na Prefeitura. Tenho uma super-parceira nesta trajetória, minha mãe Cleusa, enfermeira, hoje aposentada. Meu pai é pedreiro.
   Minha relação com o mundo, e especialmente com o segmento das pessoas com autismo, e pessoas que cuidam de autistas, mudou quando comprei um laptop, entrei no Face book e tive acesso até a estudiosos do assunto, de forma regular. Estes amigos acham que devo escrever um livro, contando nossa história. Tenho muitos seguidores nesta rede social e participo de muitas reuniões sobre o assunto.
   Penso que minha experiência deve ser compartilhada. Meu mocinho hoje tem 17 anos, não apresenta mais acessos de raiva, o que é muito oportuno, está mais forte do que eu! Tem uma relação lindíssima comigo – está sempre me beijando e abraçando, parceiro do seu jeito. O autismo para mim, não foi surpresa, foi algo divino. Antes de ele nascer eu havia sonhado que tinha um nenê no colo que se debatia sem parar – um aviso? Com o diagnóstico, aos dois anos, não senti luto pelo filho idealizado, e nem revolta. Hoje ele é muito alegre, do seu jeito, e alimenta minha alegria e força para estar sempre ao seu lado. “Ante Deus somos todos igualmente sábios – e igualmente tolos. –Albert Einstein.

Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com.

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