“É UMA MISSÃO, NÃO É UMA CRUZ.”
Várias vezes fui chamado em meu
trabalho para ir para casa ou para o “Tempo de Viver’, nosso local de
atendimento para pessoas autistas. Meu Lucas estava em fúria, apesar da
constante medicação, quebrando tudo o que pudesse .Eu segurava seus dois
braços, em um abraço carinhoso, tentando transmitir calma. Era a única pessoa
que conseguia. Foram muitos anos assim. Meus olhos se enchem de lágrimas todas
as vezes em que conto para alguém a única palavra que Lucas aprendeu a
pronunciar – “Papi”. Sou Eliseu Acácio, de 38 anos, divorciado, ajudante de
obras na Prefeitura. Tenho uma super-parceira nesta trajetória, minha mãe
Cleusa, enfermeira, hoje aposentada. Meu pai é pedreiro.
Minha relação com o mundo, e
especialmente com o segmento das pessoas com autismo, e pessoas que cuidam de
autistas, mudou quando comprei um laptop, entrei no Face book e tive acesso até
a estudiosos do assunto, de forma regular. Estes amigos acham que devo escrever
um livro, contando nossa história. Tenho muitos seguidores nesta rede social e
participo de muitas reuniões sobre o assunto.
Penso que minha experiência deve
ser compartilhada. Meu mocinho hoje tem 17 anos, não apresenta mais acessos de
raiva, o que é muito oportuno, está mais forte do que eu! Tem uma relação
lindíssima comigo – está sempre me beijando e abraçando, parceiro do seu jeito.
O autismo para mim, não foi surpresa, foi algo divino. Antes de ele nascer eu
havia sonhado que tinha um nenê no colo que se debatia sem parar – um aviso?
Com o diagnóstico, aos dois anos, não senti luto pelo filho idealizado, e nem
revolta. Hoje ele é muito alegre, do seu jeito, e alimenta minha alegria e
força para estar sempre ao seu lado. “Ante Deus somos todos igualmente sábios –
e igualmente tolos. –Albert Einstein.
Caso real. Elizabeth Fritzsons da Silva,
psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com.
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