- Junior Lago/UOLMãe e filha aguardam início do segundo dia de provas do Enem
A mãe da candidata, Regiane Nascimento, 54, contou à reportagem que o processo de desenvolvimento da filha foi bastante desafiador. "Como não sabíamos por que ela tinha dificuldades na interação com os outros alunos, com os professores, pouca comunicação, tivemos que mudá-la de escola praticamente uma vez por ano", conta.
A jovem estudou durante o ensino fundamental em escolas regulares e especializadas, além de ter aulas de reforço escolar. "Uma professora teve a ideia de dar a Bíblia para ela e a Fernanda conseguiu ler. Foi a primeira vez", lembra Regiane.
A mãe orgulhosa anda sempre com os desenhos da filha guardados na bolsa. "Isso é para mostrar que ela não tem retardo mental, que ela tem condições de se desenvolver como qualquer outro ser humano."
Fernanda conta que tomou gosto pelo desenho desde pequena. Aos 4 anos, já fazia ilustrações utilizando o programa paint. Hoje, ela realiza suas criações no photoshop e também adora aviação.
A estudante está prestando o Enem para concluir o ensino médio, mas em um futuro próximo pretende ser webdesigner. "Sempre gostei de criar. Me inspiro nos desenhos, nos filmes e na realidade", conta. "Meu sonho é fazer desenho animado 2D e 3D com eles."
No Enem, Fernanda conta com uma sala especial, onde recebe atendimento de um ledor e de um transcritor – para quando ela tiver dificuldade com a leitura ou na hora de preencher o cartão de respostas. "Ontem foi superdivertido. Não tive nenhum problema. As profissionais que atenderam foram excelentes. Fiz a prova direitinho", diz a candidata satisfeita.
Um dos temas abordados pela prova que Fernanda mais gostou foi radioatividade. "É um dos meus assuntos favoritos. Mas só na área artística, na verdade. Claro que sou contra coisas nucleares porque faz mal para a humanidade."
No ano passado, a mãe e filha chegaram atrasadas no Enem. Regiane conta que foi traumatizante. "Ela chorou muito na frente do portão porque nós nos preparamos seis meses. Desde o atendimento profissional mais extensivo até mudança de medicação." Dessa vez, as duas estavam na porta da unidade na Barra Funda com duas horas de antecedência.
"Desejo que todos consigam ir bem. Eu esperei por isso muito tempo. Desde a adolescência eu ouvia falar do Enem", diz a jovem olhando para a mãe. "Ela é uma grande guerreira. Maravilhosa. E acho que muita mãe é assim. Faz de tudo para o filho ser feliz."
Fonte:http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/11/09/me-sinto-uma-vitoriosa-diz-autista-que-faz-enem-em-sp.htm
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