Quais ambientes são estimulantes em residenciais coletivos?
Escrito por Maria Luisa Trindade Bestetti(*)
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Normalmente encontramos espaços externos, sejam em pátios e jardins, sejam em terraços ou varandas. Nem sempre estão mobiliados de modo a compor grupos interativos, mesmo que em alguns momentos a solidão seja preferível. A presença de jardins floridos, objetos decorativos utilizando fontes com água e outros elementos lúdicos e assentos compatíveis com permanência um pouco mais prolongada do que seria esperada em parques públicos, podem estimular o encontro entre pares e/ou familiares.
Já falamos sobre a tipologia dos antigos asilos. Basicamente eram compostos por grandes dormitórios e refeitórios coletivos, além de banheiros para uso simultâneo por aqueles que tivessem alguma autonomia. Os mais frágeis eram cuidados no próprio leito, o que hoje chamamos de “banho de gato”. Portanto, pode-se imaginar que o compartilhamento constante possibilitava o contagio de diversas doenças, o que agravava ainda mais a situação de fragilidade dos moradores idosos.
Com o avanço da tecnologia e das pesquisas sobre higiene e prevenção de doenças, o conceito de moradia foi mudando e passou a utilizar espaços mais privativos e materiais que permitem manutenção mais eficiente. Ventilação e iluminação passaram a ser itens importantes para tornar os ambientes mais salubres e, portanto, mais confortáveis. Mesmo assim, os programas mantêm dormitórios compartilhados, geralmente com banheiros que os atendem e reduzem a rotatividade. As cozinhas passaram a ser controladas para evitar contaminações e para facilitar entrada de insumos e saída de resíduos.
Normalmente encontramos espaços externos, sejam em pátios e jardins, sejam em terraços ou varandas. Nem sempre estão mobiliados de modo a compor grupos interativos, mesmo que em alguns momentos a solidão seja preferível. A presença de jardins floridos, objetos decorativos utilizando fontes com água e outros elementos lúdicos e assentos compatíveis com permanência um pouco mais prolongada do que seria esperada em parques públicos, podem estimular o encontro entre pares e/ou familiares.
Infelizmente ainda pouco se investe em situações de intergeracionalidade, visto que visitantes de idades diversas podem chegar em grupos e há poucas opções para distrair crianças e adolescentes.
Há três anos foi proposto e implementado na ILPI “A Mão Branca”, localizada na Av. Santo Amaro, em São Paulo, o que foi intitulado “Parque das Gerações”. A proposta era aproveitar melhor um pátio central já calçado e onde havia um jardim, inclusive com árvores de médio porte e uma fonte com água para bebedouro de pássaros. Há dois ambientes: um infantil, com um espaço de aventuras composto com pista de amarelinha pintada no chão, uma casa básica para brincadeiras e cavalinhos de pneus. No outro foi pintado um grande tabuleiro de damas, cujas peças podem ser movidas em pé e sem esforço. Em ambos os bancos foram pintados nas três cores primárias: vermelho, azul e amarelo.
Apesar da necessidade de renovação, o lugar causou surpresa porque marca a possibilidade do encontro, o que comprova que espaços assim são sempre estimulantes e preferidos. Também são importantes locais relaxantes para a busca de momentos tranquilos, seja para orar ou lembrar. Enfim, o mais estimulante será sempre o lugar escolhido, e opções variadas permitem isso.
(*)Maria Luisa Trindade Bestetti - Sou arquiteta e pesquiso sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. Ser modular significa harmonizar todas as etapas da vida, atendendo desejos e necessidades. Se você tem mais de 50 anos e está preocupado sobre como morar na velhice, participe: leia, comente, pergunte, discuta!... Estamos vivendo mais e melhor, é preciso que pensemos nisso com a tranquilidade e a confiança necessárias para podermos viver muito com segurança e conforto. Clique Aqui
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