SOU DISLÉXICA. PAREÇO TÍMIDA, MAS É PURA CAUTELA.
Sou Vanessa, com 26 anos. Minha
mãe, depois de meu terceiro ano de reprovação na escola primária, buscou ajuda
na APAE, sabendo que também atendem quem tem dificuldades escolares mesmo sem
problemas com a inteligência. Gostei muito deste tempo da vida, aprendi a
ajudar à todos os tipos de crianças, com diferentes dificuldades, sem
discriminar. Sempre tive muita facilidade em lidar com números e muita
dificuldade com letras. Dizem que não consigo ler, principalmente em voz alta,
que leio soletrado. O nome desta dificuldade é dislexia. Mas sou capaz de
enviar mensagens pelo celular e de fazer uso do computador. Desde que ninguém,
absolutamente ninguém esteja observando. Se isto acontecer eu simplesmente
“travo”.
Se precisar ler o letreiro de
um ônibus, esperando no ponto, dependo da velocidade com que chega até mim. Mas
ajudo em casa no serviço de meus pais, atendendo os pedidos feitos pelo
telefone e anotando os pedidos.
Já trabalhei como empacotadora
em supermercado, durante quatro anos. Quando me ofereciam promoção sempre
recusava, em pânico para atender a demandas que desconhecia. Trocar o certo
pelo incerto?
Consegui concluir o segundo ciclo
aos 24 anos, com muito esforço. Houve momento em que a pressão foi tanta que
procurei curso supletivo.
Faz dois meses que uma
psicóloga me ajuda. Tenho duas amigas inseparáveis com quem vou tomar um
lanche, viajo e vou às baladas. Mais uma pessoa no grupo e meu silêncio é
certo.
Agora participo de grupos de
estudo no curso do SENAI para pessoas com deficiência. Está tão bom que já
sonho em fazer mais outro curso. E trabalhar, depois!
“Um dia a gente aprende a conviver com uns. E a sobreviver sem outros. ”
Caso real, Elizabeth Fritzsons da
Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com
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