sábado, 16 de abril de 2016

E a maioria pensa que a dislexia é problema passageiro, coisa de criança...

SOU DISLÉXICA. PAREÇO TÍMIDA, MAS É PURA CAUTELA.

   Sou Vanessa, com 26 anos. Minha mãe, depois de meu terceiro ano de reprovação na escola primária, buscou ajuda na APAE, sabendo que também atendem quem tem dificuldades escolares mesmo sem problemas com a inteligência. Gostei muito deste tempo da vida, aprendi a ajudar à todos os tipos de crianças, com diferentes dificuldades, sem discriminar. Sempre tive muita facilidade em lidar com números e muita dificuldade com letras. Dizem que não consigo ler, principalmente em voz alta, que leio soletrado. O nome desta dificuldade é dislexia. Mas sou capaz de enviar mensagens pelo celular e de fazer uso do computador. Desde que ninguém, absolutamente ninguém esteja observando. Se isto acontecer eu simplesmente “travo”.
   Se precisar ler o letreiro de um ônibus, esperando no ponto, dependo da velocidade com que chega até mim. Mas ajudo em casa no serviço de meus pais, atendendo os pedidos feitos pelo telefone e anotando os pedidos.
   Já trabalhei como empacotadora em supermercado, durante quatro anos. Quando me ofereciam promoção sempre recusava, em pânico para atender a demandas que desconhecia. Trocar o certo pelo incerto?
   Consegui concluir o segundo ciclo aos 24 anos, com muito esforço. Houve momento em que a pressão foi tanta que procurei curso supletivo.
    Faz dois meses que uma psicóloga me ajuda. Tenho duas amigas inseparáveis com quem vou tomar um lanche, viajo e vou às baladas. Mais uma pessoa no grupo e meu silêncio é certo.
   Agora participo de grupos de estudo no curso do SENAI para pessoas com deficiência. Está tão bom que já sonho em fazer mais outro curso. E trabalhar, depois!


“Um dia a gente aprende a conviver com uns. E a sobreviver sem outros. ”

Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail:bfritzsons@gmail.com

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