TODOS OS DIAS ADMINISTRO SONHOS E
PROBLEMAS
Sou Zélia, tenho 66 anos. Quando criança, queria muito estudar, mas a
difícil e limitada vida na roça me fez pensar que casar seria um início de
liberdade. Troquei um pai também difícil por um marido um pouco mais suave.
Sempre tive muita vontade de estudar, mas os filhos foram surgindo, e morando
já em São Caetano ,
comecei a costurar para ajudar nas despesas de casa. Um dia pessoa amiga
precisava cortar o cabelo com urgência. Disse que poderia tentar, achava que
conseguiria. Ela achou ótimo o resultado e não parei mais. Com salão montado e
cheio de fregueses, meu marido me incentivou a fazer curso na área. Podia
trabalhar em casa, próxima dos filhos. Ele sempre foi trabalhador e o
companheiro que conseguia ser. Fazíamos juntos dança de salão, musculação,
natação e caminhadas. Tinha câimbras nas coxas, operou as varizes, começou a
arrastar uma perna para andar. Os exames de saúde eram normais. Aconteceram
três acidentes vasculares, sucessivos. Ficou com o lado esquerdo de seu corpo
paralisado, e precisa de ajuda para se vestir, comer, e ir ao banheiro. A
dependência o deixou muito irritado, confuso, cansado mesmo, pois precisa de
calmante para dormir, e há dias em que não dorme. Luta para manter a força muscular
usando faixas elásticas para exercitar braço e perna ainda funcionais. Em
desespero, perguntei ao neurologista se acupuntura não aliviaria um pouco, e
ele me disse que não há mais nada a fazer a não ser prescrever a medicação.
Conto com uma cuidadora para quando preciso me ausentar, conto com três filhos
adultos, mas que tem vida própria. Consigo espairecer um pouco fazendo
hidroginástica e ginástica, aonde encontro muitas amigas. Temos quatro netos. “Cada
novo dia nos repete. Espere o impossível, faça o possível.” – Goethe.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da
Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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