PERSIGO JANELAS DE FELICIDADE
Meus professores foram momentos de não-felicidade. Sou Denise, tenho 55
anos. Namorei aos 13, casei aos 25, e tempos depois ele escolheu viver com a
esposa de meu irmão mais velho, gerando uma família descompensada com dois
casamentos desfeitos. Em seguida, como num jogo de dominó foi embora uma irmã
mais velha, aos 51 com esclerodermia, outro irmão ao atingir os 51 foi levado
pelo reumatismo, e logo depois perdi minha mãe aos 76 com um enfarte cardíaco,
e finalmente irmã de 40 que não suportou depressão, colocou fogo no próprio
corpo e faleceu depois de vinte e dois dias de UTI. Somando tudo, foram cinco
anos compactos, cheios de tristezas, que desencadearam então a minha depressão.
Mas sou por natureza, decidida. Busquei terapia, foram três anos me
reconstruindo, não permitindo mais que os medos da morte e da perda comandassem
minha vida. Contabilidade positiva - meu pai vivo e autônomo, com 95 anos, e
vários irmãos. Fui aprendendo a comer cada vez mais certo e melhor, vigiando o
peso, pois meus joelhos já operados por esclerose precisam disto. Adotei
cachorrinha que surgiu em casa, Vitória, minha parceira de caminhadas, faz sete
anos. Faço dança circular, musculação e ginástica aeróbica com um bando de
idosos alegres como passarinhos. Para aumentar meu círculo de amizades, comprei
uma máquina reta e uma overlock e passei a fazer pequenos consertos, que me
trouxeram amigas e suas famílias, com quem faço programas em fins de semana,
barzinhos e bailes. Faço pipoca, suco, bolo, alugo um bom filme para uma sessão-criança
em casa, com todos meus amiguinhos de vizinhança. É brincar de ser mãe, com
plena autorização das mesmas. Cuido de tudo em meu lar e de minha autonomia
financeira, Estou no face-book.Aprendi que “Possuir é perder.” – Fernando
Pessoa.
Caso real, Elizabeth Fritzsons da
Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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