DESDE SEMPRE
Sou Lia,
tenho 62 anos, e desde sempre morei com minha mãe Vitória, hoje com 91 anos. Ela
sempre repete a frase “Eu quero viver!”, o que me emociona muito. Foi mãe
exigente, apoiava muito os filhos e era cozinheira de festa todos os dias da
semana. Fui professora de português e inglês, em excelentes escolas
particulares e estaduais, que enchiam minha vida social de atividades deliciosas
com toda a equipe. Aconteceram namoros, mas não suficientemente significativos para
se tornarem casamento. Agora tenho um parceiro compreensivo e paciente, mas
cada um mora em sua casa. Sonhava residir e me aposentar no interior do estado
de São Paulo, e consegui, adoro morar nesta cidade!Apesar de não residirem
aqui, meus irmãos mantém contato contínuo e nos dão toda assistência
necessária. Meu pai se foi há dezessete anos, considerava seus filhos sua maior
riqueza, e desde então Vitória quer que eu durma com ela, na mesma cama. Faz três
anos que ela sofreu um leve derrame, que lhe tirou parte do equilíbrio para
andar. Percebo que é com muita alegria que ela acorda às seis e meia, todos os
dias, organiza sua higiene, e toma o café que a agora mãe-Lia preparou.
Chegamos ao CIVI antes da aula de Yoga, e já dentro do edifício, fazemos uma
suave caminhada. Participamos destas aulas de segunda à sexta-feira, e de
quatro aulas de ginástica e musculação adaptadas. Como ela não pode fazer a
aula de dança circular, espera o tempo todo sentadinha, vibrando com a música.
Lamenta quase chorando, quando as atividades do dia acabam, é tratada com muito
respeito e carinho por todos. Ela sempre procura ajudar nas atividades da
rotina da casa e nas compras. A passagem de ser sua filha para ser praticamente
sua mãe foi muito gradual, e é cheia de prazer. “Amar é um cuidar que se ganha
em se perder” – Camões
Caso real,
Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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