Uma história de serviço voluntário -independente feito de forma criativa e inspiradora
Faz quatro anos que vovô Carlinhos doa bicicletas recicladas, coletando bicicletas velhas, novas, em pedaços que ele vai acumulando, pacientemente desmontando e engraxando as peças, com a ajuda alegre da esposa e do netinho. De três bicicletas desmontadas às vezes consegue reorganizar uma inteira, que pinta e personaliza com adesivos e buzinas. Rede de amigos divide o investimento, muitas vezes vendendo a peça que falta a preço de custo, ou fazendo expressivo desconto. Também coloca do próprio bolso. Considera investimento. Sua primeira vez aconteceu com uma senhora empurrando com dificuldade um pesado carrinho de material reciclável, e criancinha de aproximadamente oito anos andando ao seu lado. Perguntou à criança se tinha uma bicicleta. Não, não tinha. Perguntou se não gostaria de ter uma, para acompanhar sua mãe em seu trabalho, desde que ela permitisse. Os olhos de susto e incredulidade foram resposta suficiente. Foi para casa, desengraxou as peças necessárias, lixou , poliu, pintou a bicicleta, e colocou na carroceria de sua caminhonete. E continuou sua vida até encontrar de novo a dupla. Bicicleta entregue, ele nunca mais foi o mesmo. Outro dia foi visitar um abrigo de crianças. Eram aproximadamente vinte, com uma única bicicleta para compartilhar nas suas brincadeiras. Levou mais uma e anotou nomes, idades e preferências pessoais. E foi à luta. Depois de um tempo conseguiu levar uma para cada criança. Sempre anônimo. Vocês conseguem imaginar o volume de felicidade gerado?
Bicicletas que já foram úteis, que já passearam ou trabalharam muito, e se recombinam em outras, fazendo outras pessoas felizes. Bom para o planeta, para a saúde de todos, idéia a ser pensada com carinho – quantas outras oportunidades de reciclar felicidade não existem, só dependendo de um olhar mais atento?
Conta que sua mãe, ao perder o seu pai, não quis mudar de sua casa. Nas visitas, percebia o varal cheio de peças desconhecidas, adequadas a outras idades. Não entendia nada, nada perguntava também. Com a idade, a vista enfraqueceu, as roupas diferentes desapareceram. Encheu-se de coragem e perguntou Ela disse que levava sacolinhas e fita crepe para anotar os nomes dos donos das roupas de pessoas mais necessitadas e indigentes mesmo que estavam hospitalizadas, levando para casa,lavando, passando e devolvendo aos donos limpinhas. O filho perguntou por que nunca tinha falado disto. A resposta, singela foi a de que não precisamos falar do bem que fazemos. Só precisamos fazer. Filho aprende com pais, neto com avós, todos com todos. Simples assim, humano assim.
Caso e nome reais.
Linda história e muito bem escrita, envolvente! Vou entrevistar o vovô Carlinhos amanhã para o Programa Barco Escola.
ResponderExcluir