Saquinho de chá
Sou Erica, tenho 65 anos. Meu marido
sempre trabalhou, chegamos a ter pequena tecelagem que um plano de Governo tornou inviável. Perdemos tudo, ele foi fazer calçadas.
Sempre ajudei a tocar a fábrica, levava as crianças comigo. Conseguimos ter uma
boa casa, ele quis os dois filhos. Nunca foi marido fiel, sempre dado à
violência. Percebi o meu limite , quando ele passou a assediar a própria filha,
de nove anos. Denunciei para as autoridades Esta filha até hoje não consegue
mais proximidade com este pai. Pai que cobre de vantagens seu irmão, hoje com
27 anos. Deve ser medo do futuro. Certa
vez, reagi a sua agressão com um soco em seu rosto.Ele ficou tão incomodado que colocou veneno de rato na jarra de água
que costumamos ter na mesa da cozinha. Senti já no primeiro gole, salgada, de
gosto horrível. Tive ânsia de vômito, tontura, consegui tomar um copo de leite.
Quando ele voltou para casa, eu já estava recuperada, e acusei. A resposta foi
afirmativa, dizendo estranhar eu ainda não ter morrido, jogando imediatamente o
conteúdo da jarra na pia. Disse
que eu era muito forte. Levei muitos anos para conseguir me separar dele,
rezando muito por isto, a contragosto dos filhos, que ainda moram comigo.
Fiquei com a casa. Tenho cinco irmãos, muitas amigas, e a própria família dele
é muito parceira, me apóia muito. Ele
achou uma nova companheira, mas durou pouco, mora sozinho hoje. Agora tenho
artrose nos joelhos, sofro de depressão, mas vou me
tratar, vou fazer exercícios, seguindo recomendação médica. Vou melhorar!Quero
aproveitar a vida. Gosto muito de viajar. “Uma mulher é como um saquinho de
chá, você nunca saberá quão forte ela é até que esteja na água quente.” –
Eleanor Roosevelt.
Caso
real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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