Ela optou por viver sozinha, mesmo tendo convite das filhas para compartilhar suas casas.
Ele, sem visão, abandonado pela mulher, criou sozinho quatro filhos.
Já idosos, se encontram:
A DOCE LIBERDADE DA ESCOLHA
Sou Maria Eliza, de 67 anos. Viúva, com duas filhas adultas, e liberdade
financeira resultante da pensão de meu marido e da minha própria aposentadoria.
Moro sozinha, em minha casinha, sem precisar dar satisfação de nada a ninguém,
seguindo sempre o conselho de meus pais – “Não faça nunca o que você não quiser
fazer!” A única filha mulher, fiz psicologia por recomendação dos pais, mas não
exerci, queria ser veterinária. Faz três anos que o gosto comum pelo radio,
oferecendo e recebendo músicas “de presente”, me fez descobrir Onísio. Depois
de muitos telefonemas, decidimos nos conhecer pessoalmente. Um dos seus filhos
o trouxe até o ponto de ônibus combinado. Onísio não enxerga mais desde seus 22
anos, tem retinose pigmentar, o que não o impediu de cuidar e de criar quatro
filhos sozinho, desde que sua esposa decidiu ir embora. Fomos para minha casa e
ele pediu para tocar meu rosto. Ele é muito alto e negro, eu sou baixinha,
branca, de rosto redondo. Ficamos juntos de alma desde o primeiro toque. Gosto
muito dele, de cuidar de todos os detalhes como seu cabelo, suas unhas, suas roupas,
deixando ele bonito mesmo! Sou seus olhos por escolha, ele freqüenta o CPC, e
eu o acompanho em todas as atividades. Viajamos juntos, o grupo se diverte com
nossa alegria! Os filhos de ambos os lados curtem nossa relação. Mas somos
modernos – cada um em sua casa! Começamos a nos ver na quarta-feira, cumprindo
sua rotina de atividades, na sexta vem para minha casa, no domingo retorna para
a sua. Gostamos de ouvir música sertaneja, de namorar, de “ver” televisão
juntos – sou uma matraca, vou descrevendo tudo. Para mim, ele não é uma pessoa
deficiente, só faz suas coisas com mais vagar. Ele é o meu amor, e eu sou o seu
amor. “És livre, escolha, ou seja, inventa.” Jean Paul Sartre. Caso real,
Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com
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