segunda-feira, 9 de junho de 2014

Depoimento real - A doce liberdade da escolha.




     Ela optou por viver sozinha, mesmo tendo convite das filhas para compartilhar suas casas.
     Ele, sem visão, abandonado pela mulher, criou sozinho quatro filhos.
     Já idosos, se encontram:

    A DOCE LIBERDADE DA ESCOLHA


  Sou Maria Eliza, de 67 anos. Viúva, com duas filhas adultas, e liberdade financeira resultante da pensão de meu marido e da minha própria aposentadoria. Moro sozinha, em minha casinha, sem precisar dar satisfação de nada a ninguém, seguindo sempre o conselho de meus pais – “Não faça nunca o que você não quiser fazer!” A única filha mulher, fiz psicologia por recomendação dos pais, mas não exerci, queria ser veterinária. Faz três anos que o gosto comum pelo radio, oferecendo e recebendo músicas “de presente”, me fez descobrir Onísio. Depois de muitos telefonemas, decidimos nos conhecer pessoalmente. Um dos seus filhos o trouxe até o ponto de ônibus combinado. Onísio não enxerga mais desde seus 22 anos, tem retinose pigmentar, o que não o impediu de cuidar e de criar quatro filhos sozinho, desde que sua esposa decidiu ir embora. Fomos para minha casa e ele pediu para tocar meu rosto. Ele é muito alto e negro, eu sou baixinha, branca, de rosto redondo. Ficamos juntos de alma desde o primeiro toque. Gosto muito dele, de cuidar de todos os detalhes como seu cabelo, suas unhas, suas roupas, deixando ele bonito mesmo! Sou seus olhos por escolha, ele freqüenta o CPC, e eu o acompanho em todas as atividades. Viajamos juntos, o grupo se diverte com nossa alegria! Os filhos de ambos os lados curtem nossa relação. Mas somos modernos – cada um em sua casa! Começamos a nos ver na quarta-feira, cumprindo sua rotina de atividades, na sexta vem para minha casa, no domingo retorna para a sua. Gostamos de ouvir música sertaneja, de namorar, de “ver” televisão juntos – sou uma matraca, vou descrevendo tudo. Para mim, ele não é uma pessoa deficiente, só faz suas coisas com mais vagar. Ele é o meu amor, e eu sou o seu amor. “És livre, escolha, ou seja, inventa.” Jean Paul Sartre. Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail: bfritzsons@gmail.com

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