quarta-feira, 19 de junho de 2013

Respeitar o radar emocional

Ouví minha razão, e não o coração. Sou Júlia, tenho 68 anos, meu marido também. Há alguns anos atrás sentia apreensão com sua saúde, estava acima do peso, sempre gostou muito de trabalhar, mas chegava do serviço muito cansado, e desabava no sofá, sem forças para nada. Fez dieta várias vezes, emagrecendo e voltando a engordar. Existia uma tosse seca, depois vieram as dores no braço e na região do coração. Mas os exames cardíacos não diagnosticaram maiores problemas, e tudo ficou como stress. Eu sentia que algo estava errado, mas ele insistia em seguir o mesmo atendimento médico de sempre. Lamento não ter insistido mais, expressando meus medos, que estavam certos. É absurdo dizer, mas foi um alívio quando, por outro problema de saúde, o médico consultado achou importante a avaliação das artérias por um especialista. Encontramos toda sua estrutura venosa comprometida, o cansaço era resultado de múltiplos problemas nesta área não pesquisados, que acabaram resultando em sucessivas cirurgias, a última precisando da ajuda da máquina de circulação extra-corpórea, por mais tempo do que seria bom. O custo disto foi uma irrigação cerebral menor do que a necessária, com a lesão da parte motora responsável pelo andar espontâneo. Tentamos todos os recursos possíveis, sua angústia era muito grande, um mês no melhor possível serviço desta área do país, não mudou o quadro. Mas serviu muito para percebermos como ainda tínhamos muito preservado – ele podia trabalhar, conversar. Existiam limites novos, sim, mas muito menores do que vimos acontecer com outras pessoas no hospital. Nossos três filhos são parceiros e presentes, um deles até trabalha junto com o pai.  Guimarães Rosa: “A vida é ingrata no macio de si, mas transtraz a esperança do meio do fel e do desespero. Ao que este mundo é muito misturado”.Caso Real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail – bfritzsons@gmail.com 



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