quarta-feira, 26 de junho de 2013

PRECISEI DA DISTÂNCIA PARA ME APROXIMAR

Precisei da distância para me aproximar
Sou Val, com 53 anos, caçula de  grande família. Sempre fui muito tímida, o contato com pessoa idosa foi somente com avó paterna, classificada como “brava” no dia que vi minha mãe chorando em sua presença. Por via das dúvidas eu me escondia embaixo da cama todas as vezes que ela entrava em casa. Lembro que me deu de presente uma grande boneca, quase de meu tamanho. Assim que se foi, fui para o quintal e desfiz o brinquedo em pedaços, não sei bem porque, até hoje. Não tive mais contato com idosos até a vida adulta. Como professora de música fui convidada para dar aulas para crianças e para um grupo de pessoas idosas. Para meu espanto, conviver com idosos, de repente, era tão gostoso como conviver com crianças! As crianças são espontâneas, sem vícios, a relação corre solta, sem críticas. Os idosos na sua maioria estão desconstruindo as críticas excessivas, estão se livrando dos preconceitos, a relação na maioria das vezes também flui gostosa, é quase “surfar”. Comecei a resgatar a relação com as raízes de humanidade, aprender a conviver com a finitude, quando perdi queridos alunos para o seu tempo de vida que já havia se esgotado. Foi um choque para mim perante as suas ausências ter ressaltada sua importância dentro de nosso trabalho e convivência, e de perceber que eu sentia saudades. Acho que a própria estrutura da atividade de canto e coral propicia este tipo de relação construtiva, porque induz a pensamentos positivos, ajuda a liberar tensões, consequentemente aliviando o stress da vida diária, aumentando a sensação de bem estar e favorecendo a convivência grupal, além de desenvolver voz e capacidade de canto. Foi terapêutico para mim, não só para o grupo. “Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar.” – Dalai Lama.


Caso real, Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga, e-mail –bfritzsons@gmail.com


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