Ana,
sessenta e dois anos.
Ajudei
meu marido a administrar uma casa de lanches, iniciada após sua aposentadoria.
Trabalhando juntos, conseguíamos atritar
o tempo todo, não havia mais tempo de sentir saudades. Arrumei e treinei substituta.
Continuei ajudando em compras. O mercado estava desfavorável, ele pouco motivado,
acabamos vendendo a lanchonete. Fui trabalhar em berçário, e após assessorei um
padre em seus trabalhos. Minha sogra idosa, fragilizada em sua saúde,
precisando de tratamento especializado, precisou ser cuidada entre minha casa e
a casa de outra filha, durante cinco anos. Nós dois atritávamos muito,
divergindo quanto à forma correta de cuidar da doente, e ele foi assumindo cada
vez mais a tarefa. Minha coluna vertebral não era mais sadia o suficiente para ajudar.
Mudamos para Americana, aqui trabalhei em comércio e secretaria de ONG. Perdi
este querido trabalho após seis meses de busca de diagnóstico, para desconforto
intestinal, que terminou em cirurgia. Recebi então boas informações de amigos
sobre o Centro de Integração e Convivência do Idoso – CIVI, de nossa cidade. Lá
faço Yoga e Dança Circular, de forma gratuita tendo contato com muitas pessoas,
o que me alimenta e me renova. Após a aposentadoria, o marido ótimo, caseiro,
que viveu sempre para a família passou a ser mais briguento ainda, e eu só
enxerguei que seu cuidado falho da própria saúde e seu enclausuramento eram
sinais de depressão quando uma psicóloga me mostrou isto. Percebi então que uma
vida de qualidade para todos nós é tão mais possível quanto mais eu administrar
pessoalmente esta depressão, com a ajuda de minhas filhas e dos médicos que o atendem.
Os verbos são respeitar, amar e cuidar. Podemos fazer isto. “Fortes razões,
fazem fortes ações.” - William Shakespeare.
Caso
real,identidade preservada a pedido,Elizabeth Fritzsons da Silva, psicóloga,
e-mail : bfritzsons@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário